Londres – Em uma sequência de atos bem orquestrados para reverenciar a rainha Elizabeth e consolidar a imagem da monarquia quando muitos questionam seu futuro sob um rei sem o carisma da monarca que passou 70 anos no trono, a vigília dos quatro filhos em torno do caixão exposto à visitação pública na catedral de St.Gilles, na Escócia, dominou as primeiras páginas do jornais britânicos.
A “Vigília dos Príncipes” é uma tradição da monarquia, e pela primeira vez uma filha mulher participa dela.
Um dos jornais destacou as filas previstas para ver o caixão da rainha, que está na catedral de St.Gilles, na Escócia desde ontem e hoje segue para o Palácio de Buckingham, em Londres.
O The Guardian foi o único entre os grandes veículos a posicionar a manchete sobre o velório da rainha como chamada secundária.
O tom da cobertura da mídia continua emotivo. E nenhum veículo deu espaço na primeira página para as manifestações contra a monarquia que resultaram em prisões e em críticas de cerceamento da liberdade de expressão.
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A foto reproduzida por todos os jornais divulgada pelos canais oficiais da família real nas redes sociais.
Além de estampar a capa dos jornais está sendo compartilhada nas redes sociais. Apenas no Twitter a conta The Royal Family tem 5,5 milhões de seguidores, e a foto foi compartilhada mais de 6 mil vezes.
O tabloide Daily Mirror acentua em sua manchete a proteção dos filhos, com a manchete “Vamos cuidar de você” – embora a frase aparentemente não tenha sido dita por nenhum deles.
Deixando um pouco a objetividade jornalística, a autora da reportagem faz um testemunho em primeira pessoa sobre a experiência da vigília:
“Estar tão perto pareceu estranhamente pessoal e trouxe magnitude de sua morte”.
O The Times abre sua edição denominando os filhos como “A Guarda da Rainha’, e corta a imagem para ressaltar a fisionomia contrita do rei Charles
Guarda de Honra também foi a manchete escolhida pelo Daily Telegraph, que assim como nos dias anteriores, destaca no rodapé apenas artigos sobre a monarquia. O jornal salientou também a ligação do rei com a Escócia, percepção importante em um ambiente em que a ideia de independência ganha força.
O Daily Mail lembra que além de rainha, Elizabeth era mãe. E tem uma chamada destacando que “o rei lidera a nação no luto”.
Também o jornal i salientou o papel de mãe da rainha Elizabeth, com uma manchete curta: Vigília para uma mãe”. E optou por uma foto em close do rei Charles.
Na despedida da rainha Elizabeth, a vigília do rei
O The Sun foi outro que publicou a manchete “A vigília do rei”, mas encontrou espaço para uma fofoca típica dos tabloides britânicos. Em uma matéria secundária, afirma que o príncipe Harry não poderá usar seu uniforme militar durante o funeral.
Na vigília, o príncipe Andrew também não usou, enquanto os irmãos Edward e Anne estavam vestidos em trajes militares. Andrew perdeu os cargos militares depois do processo de abuso sexual de uma menor, encerrado com o pagamento de uma vultosa indenização
“Vigília do Rei” foi também a escolha do Metro, jornal distribuído gratuitamente no transporte público.
O Daily Star faz um alerta sobre as filas esperadas em Londres para ver o caixão da rainha, a partir de quarta-feira (14).
O enterro será na segunda-feira (19), um feriado nacional. Diferentemente do que acontece em outros feriados, grandes lojas não vão abrir na data e vários serviços serão interrompidos.
O Financial Times reduziu o espaço da cobertura sobre a morte da rainha, mas reservou o alto da primeira página para a foto dos filhos reunidos na vigília por Elizabeth II.
Pela primeira vez desde a morte da monarca, o jornal econômico retomou o padrão visual de sua capa, com a coluna lateral e vários assuntos em destaque.
O The Guardian não deixou de noticiar o primeiro dia da vigília, mas sinalizou que este não é o assunto mais importante para os britânicos, apesar de toda a comoção.
O espaço principal da primeira página é dedicado à crise do custo de vida e a pressão sobre a primeira-ministra Liz Truss para revelar seus planos para atenuar o problem.