O Fundo para Investigações e Novas Narrativas sobre Drogas (FINND), uma aliança entre a Fundação Gabo e a Open Society Foundations, está oferecendo 16 bolsas para jornalistas de 11 países, incluindo o Brasil. 

Os escolhidos receberão até US$ 10 mil (R$ 54 mil) para desenvolver reportagens analisando as associações entre drogas ilícitas e direitos humanos, meio ambiente, saúde pública, gênero e dimensão rural. 

Além de ser um problema social, o narcotráfico vem afetando a liberdade de imprensa no mundo. No México, o número de profissionais de imprensa mortos por facções criminosas cresce sem parar. 

Bolsa para jornalistas freelancers ou empregados em organizações de mídia

Este é o quarto ano em que a bolsa é oferecida, beneficiando profissionais da Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Paraguai e Peru. 

A oportunidade é aberta a freelancers ou jornalistas que trabalhem em organizações de mídia de qualquer tamanho, incluindo veículos regionais ou  comunitários. São aceitas inscrições individuais ou coletivas, designando-se um responsável principal pelo projeto.

Os trabalhos podem ser em formato jornalístico tradicional (texto, vídeo, áudio, fotografia ou multimídia) ou em sátira, ‘scrollytelling’ e até histórias em quadrinhos. As inscrições terminam em 12 de dezembro. 

O edital alerta que não serão consideradas propostas de narrativas tradicionais sobre drogas, como historiografia criminal, perfis de narcotraficantes, reportagens judiciais ou trabalhos que reproduzam estereótipos e lugares-comuns a respeito da produção, distribuição e consumo de drogas. 

A equipe acadêmica do FINND decidirá o valor da dotação para cada projeto selecionado, com base no conteúdo da proposta, no orçamento apresentado e no enfoque da investigação.  

O valor da bolsa pode chegar a até US$ 10 mil (R$ 54 mil) no caso de propostas de trabalho transnacional e colaborativo, que devem envolver veículos de comunicação de pelo menos três países.

Os jornalistas freelancers ou ligados a algum veículo concorrerão a 15 bolsas entre US 3,4 mil e US$ 5 mil (R$ 18,3 mil e R$ 26,9 mil), desde que desenvolvam seus projetos em um dos países priorizados pelo FINND.

Além da remuneração dos envolvidos, o valor recebido pode ser utilizado na aquisição de materiais ou equipamentos até o valor de US$ 2 mil. 

Como se inscrever na bolsa de jornalismo 

As propostas devem ser submetidas por meio de um formulário de inscrição disponível no site da Fundação Gabo.

Entre os documentos necessários, os candidatos precisam submeter currículo enfatizando sua experiência jornalística, motivação para receber a bolsa e um projeto detalhado do trabalho a ser executado. 

A proposta deve incluir a linha temática, justificativa, orçamento estimado em dólares, cronograma, formato do produto final, estratégia de divulgação e uma lista representativa de pessoas e instituições a serem consultadas ou entrevistadas.

A Fundação pede ainda que sejam anexados dois trabalhos de investigação jornalística publicados no último ano e carta de um editor confirmando o  compromisso de veicular o trabalho realizado com a bolsa.

Freelancers que não tiverem compromisso de publicação de um veículo receberão apoio do FINND na busca de mídias interessadas, caso sejam selecionados. 

Temas sociais, jurídicos e de saúde 

O conteúdo produzido com a ajuda da bolsa para jornalistas da Fundação Gabo deve se enquadrar nas seguintes linhas temáticas:

Saúde pública: criminalização e regulação, uso problemático de drogas e tratamentos, impactos e resultados da legislação sobre usuários de substâncias psicoativas penalizadas.

Meio Ambiente: efeitos da guerra contra as drogas nos ecossistemas, desmatamento, poluição e conflitos ambientais.

Direitos humanos: impactos da guerra contra as drogas nas minorias, mercados urbanos de drogas (microtráfico), prisões, repressão e militarização, governança e narcopolítica, raça e migração.

Gênero: vulnerabilidade e estigmatização, vitimização, pobreza e marginalização e empoderamento contra jovens e mulheres.

Dimensão rural: cultivos declarados ilegais, comunidades dependentes da produção de matérias-primas para a fabricação de drogas, desenvolvimento rural,  armamento, economia ilegal e erradicação forçada.

Categorias

Independentemente do tema, os candidatos devem escolher uma categoria para sua proposta dentro das seguintes possibilidades:

Jornalismo investigativo: deve conter uma hipótese, proposta de pesquisa e um plano para desenvolver o tema em texto, áudio (rádio, podcast), vídeo ou imagem.

Jornalismo local: deve se concentrar em dinâmicas que afetam as regiões nas quais vivem e/ou trabalham os jornalistas, sendo priorizados projetos fora das capitais e com um forte componente de jornalismo de soluções.

Jornalismo inovador: deve explicar como usarão formatos que ajudem a comunicar os resultados de forma inovadora. Alguns exemplos são documentários multimídia, editoriais em vídeo, sátira jornalística ou ‘scrollytelling’.

Jornalismo colaborativo: serão valorizados pelo júri aqueles que incluam alianças entre jornalistas que trabalhem nas capitais e repórteres e pesquisadores locais, ou membros da mídia comunitária ou regional.

Bolsa para jornalistas inclui também treinamento e mentoria 

Os bolsistas escolhidos participarão de um workshop da Fundação Gabo sobre drogas, que acontecerá em março de 2023.

Na ocasião eles apresentarão seus projetos, poderão tirar dúvidas e trocarão ideias com convidados especialistas, que fornecerão ferramentas para o desenvolvimento de investigações sobre o universo das drogas a partir de uma nova narrativa sem os estereótipos envolvidos no tema. 

Será fornecida ainda mentoria durante os três meses da duração do projeto. Os participantes farão reuniões com tutores designados de acordo com a linha temática ou o formato de seus projetos, para receber orientação específica para o desenvolvimento do trabalho.