Estou voltando ao trabalho depois de minha primeira licença maternidade. Nunca fiquei tanto tempo afastada, 100% dedicada a um projeto tão pessoal.

Tento traduzir um turbilhão de emoções e experiências neste texto.

A primeira reflexão é sobre o privilégio de trabalhar para uma empresa como a Uber. Tive medos antes da licença, mas perder minha posição ao voltar não foi um deles.

Tinha confiança de que voltaria e teria suporte em minha nova fase, o que infelizmente não é comum.

O apoio veio de vários lugares – alguns até inesperados: da liderança, da equipe e de líderes mulheres de outros países, com quem tinha menos contato. Todos gentis e generosos em suas mensagens de apoio.

Caminho para mudança é longo e não linear

Acredito que a mudança que estamos vendo, ainda que em passos pequenos, é irreversível.

Quando saí da faculdade de engenharia, o debate sobre equidade de gênero ou maternidade era quase inexistente nas empresas. Mesmo com muito ainda a se andar, a conversa hoje existe e tem mais visibilidade.

Esses movimentos nas empresas e na sociedade promovem o início de uma transformação inevitável.

Mesmo nos momentos em que o progresso parece lento ou impossível, tento lembrar que a jornada não é linear, especialmente no atual contexto social e econômico.

Equidade de gênero: avanços aquém da velocidade desejada

Olhando para trás, é possível ver que muito mudou, ainda que não seja (e não é) na velocidade e abrangência desejadas.

Contando com isso, o próximo desafio é a educação que darei ao meu filho para ele enfrentar o mundo.

Que transformações que ele encontrará? Será que teremos um mundo menos hostil para as mulheres? E o meu papel como mãe e líder nesse futuro?

São muitas perguntas, poucas respostas exatas, mas uma certeza: quero um futuro em que mulheres não tenham que desistir das carreiras porque sonham serem mães.

Que não tenham que se preocupar com a roupa que vão usar ao sair de casa. Que não tenham medo de perder os filhos simplesmente pela cor da pele.

Sei que transformações levam tempo e precisam de apoio para acontecer, mas não podemos desistir de trabalhar por elas.

Cada um de nós tem um papel a desempenhar, seja na educação mais consciente dos filhos, seja atuando em uma organização.

A luta por igualdade não acabará de um dia para o outro.

Quero acreditar que, se trabalharmos juntos, as mudanças acontecerão, mesmo que leve tempo. Essa possibilidade, para mim, é nossa maior chance de sucesso.

Este artigo faz parte da edição especial Representação de Mulheres na Mídia