A onda de repressão a jornalistas que assola o Irã após a cobertura dos protestos contra a morte da jovem Mahsa Amini ganhou mais um capítulo: o jornalista Kayvan Samimi, de 74 anos, foi preso novamente pelas autoridades do país depois de libertado em janeiro.
Desde o início da onda de prisões, pelo menos 95 profissionais de imprensa foram detidos, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Atualmente, Samimi é mais um dentre os 18 jornalistas mantidos em cárcere no país, informa a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ).
Irã apertou cerco contra imprensa após protestos
Samimi atua como editor-chefe da revista Iran-e-Farda e como chefe da Associação de Defesa da Liberdade de Imprensa no Irã e já foi preso outras duas vezes pelo governo iraniano.
A morte da estudante iraniana Masha Amini completou sete meses no último dia 16. A jovem de 22 anos havia sido presa 3 dias antes, após deixar uma mecha de seu cabelo à mostra.
Na época, o governo iraniano afirmou que ela havia entrado em coma devido a uma doença, mas sua família declarou que houve espancamento. Os protestos repercutiram no Irã e ao redor do globo.
No Irã, a revolta popular gerou um conflito com as autoridades e centenas de prisões e mortes. Nesse contexto repressivo, a imprensa ficou desde então em meio ao fogo cruzado.
No mês da morte de Amini, as jornalistas Niloofar Hamedi e Elahe Mohammadi, as duas primeiras mulheres a reportarem a morte e o funeral de Amini, foram presas sob a acusação de espionagem para os Estados Unidos. Ambas ainda estão encarceradas.
Já a repórter Nazila Maroofian, do site de notícias Rouydad 24, que entrevistou o pai da jovem morta, foi condenada no final de janeiro acusada de propaganda antigovernamental e divulgação de notícias falsas.
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Entidades de classe se manifestam contra repressão após protestos no Irã
No caso de Kayvan Samimi, as autoridades declararam que a prisão se relaciona a uma suposta relação do profissional com grupos hostis ao governo iraniano.
O local onde o jornalista veterano está sendo mantido não foi revelado, e sua família teme por seu estado. O clima de insegurança gerou respostas do CPJ e da IFJ.
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Para Sherif Mansour, coordenador do programa do CPJ para o Oriente Médio e Norte da África, “as autoridades iranianas devem libertar imediatamente o jornalista Kayvan Samimi e retirar qualquer acusação feita contra ele por seu trabalho”.
Os membros da imprensa devem poder viver sem medo constante de serem assediados e detidos.
Já Anthony Bellanger, secretário-geral da IFJ, pediu a libertação imediata de “todos os jornalistas e trabalhadores da mídia na prisão”, e que o estado iraniano pare com a repressão à mídia.
Não podemos ficar em silêncio enquanto as autoridades iranianas continuam a prender nossos colegas por apenas fazerem seu trabalho.
A IJF, em seu posicionamento, lembra ainda que “uma semana antes da prisão de Samimi, a jornalista e ativista dos direitos das mulheres Jina Modares Gorji foi presa (…) por supostamente ‘agir contra a segurança nacional’.
Ela já havia sido detida durante protestos de setembro de 2022 e foi libertada sob fiança após passar 40 dias sob custódia.
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