Londres – O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, foi barrado pelos organizadores do Eurovision e não poderá apresentar neste sábado (13) uma mensagem aos 160 milhões de espectadores que deverão assistir à final da maior competição musical da Europa e do mundo.

Em 2022, a banda ucraniana Kalush Orchestra venceu a competição com uma votação popular histórica e por isso a edição deste ano deveria ser realizada no país. Mas por causa da guerra com a Rússia, teve que ser realizada em Liverpool, no Reino Unido.

A European Broadcast Union (EBU), que reúne as emissoras públicas de TV europeias e é responsável pela organização do Eurovision, divulgou uma nota nesta quinta-feira (11) justificando a decisão com o argumento de que a mensagem de Zelensky contrariaria o caráter apolítico do evento. 

Zelensky também foi barrado no Oscar

A decisão não agradou a líderes politicos do Reino Unido. Por meio do porta-voz, o primeiro-ministro Rishi Sunak se disse desapontado e declarou que “os valores e liberdades pelos quais o presidente Zelensky e o povo da Ucrânia lutam não são políticos, são fundamentais” 

O ex-primeiro-ministro Boris Johnson tuitou dizendo que seria justo ter Zelensky falando porque a única razão pela qual a final não está sendo feito na Ucrânia é a “guerra ilegal de Putin”. 

Volodymyr Zelensky, que antes de ser eleito presidente era um ator e diretor de uma bem-sucedida produtora de conteúdo, notabilizou-se pela habilidade de usar seu carisma para conquistar apoio para a Ucrânia depois da invasão pela Rússia. 

O apoio traduz-se em alianças com países importantes, além do recebimento de doações para o esforço de guerra e para a reconstrução do país. As doações são canalizadas para uma iniciativa criada pelo governo ucraniano chamada United24, fundamentada na figura do presidente. 

Para apoiar a iniciativa, celebridades se alinharam ao presidente, visitando o país e liderando projetos de arrecadação de fundos.

No entanto, mais de um ano após o início da guerra, o encantamento inicial pode estar começando a se esvair. Zelensky também foi barrado no Oscar e no Festival de Cinema de Toronto. 

Na nota em que explica a decisão, a EBU diz: 

“O Festival Eurovision é um espetáculo de entretenimento internacional, regido por regras e princípios rigorosos estabelecidos desde a sua criação. Como parte disso, um dos pilares do concurso é o caráter apolítico.

Este princípio proíbe a possibilidade de fazer declarações políticas ou similares […].

O pedido do Sr. Zelensky para se dirigir ao público […], embora feito com intenções louváveis, infelizmente não pode ser atendido […], pois seria contra as regras do evento.”

O Reino Unido herdou o direito de sediar a competição deste ano porque o segundo colocado no ano passado foi o britânico Sam Ryder. Ele obteve a maior nota pelo júri, mas perdeu pela extraordinária votação do público na banda ucraniana.

A rede BBC é a responsável pela organização dos três shows que fazem parte da etapa final  do Eurovision, cujo roteiro destaca a Ucrânia em vários momentos. 

Segundo a EBC, onze artistas ucranianos foram escalados para se apresentar nas semifinais ou na grande final de sábado, incluindo a Kalush Orchestra, vencedora do ano passado.

A logomarca da edição deste ano foi criada em conjunto com uma agência de design ucraniana, e a música incidental que será apresentada ao longo do festival foi composta em colaboração com músicos ucranianos. 

Além disso, 37 localidades da Ucrânia serão incluídas nos “cartões postais”, como são chamados os curtas-metragens apresentados antes da subida ao palco dos artistas que representam cada um dos países que participam da competição.

Acreditamos que esta é a melhor maneira de celebrar a vitória da Ucrânia na edição passada do Eurovision e mostrar que estamos unidos pela música durante estes tempos difíceis”, diz o comunicado da EBU. 

Após o veto, Zelensky ainda não se manifestou. Segundo a mídia britânica, Rishi Sunak e Boris Johnson estariam pressionando a EBU para rever a decisão.