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Jornalista russa é espancada na Chechênia quando ia cobrir julgamento e tem cabeça raspada

Elena Milashina jornalista russa agredida na Chechênia

Sergey Babinets, líder da ONG Equipe Contra a Tortura, esteve com Elena Milashina no hospital (Foto: Telegram Sergey Babinets)

Londres – A jornalista russa Elena Milashina foi agredida nesta terça-feira em Groszny, capital da Chechênia, junto com o advogado de direitos humanos Alexander Nemov, também espancado com violência por homens mascarados que os interceptaram no carro em que viajavam.  

Premiada pela Human Rights Watch e pela Repórteres Sem Fronteiras, a jornalista investigativa trabalha na edição europeia do Novaya Gazeta, jornal fundado por Dmitry Muratov, detentor do prêmio Nobel da Paz 

O veículo foi obrigado a fechar as portas na Rússia após a invasão da Ucrânia, e Muratov também foi alvo de um ataque.

A agressão a Milashina aconteceu quando ela seguia do aeroporto para o tribunal com o advogado para acompanhar o julgamento de Zarema Musayeva, mãe de três opositores do líder político da Chechênia, aliado de Putin. 

A Human Right Watch informou que Musayeva foi presa em janeiro de 2022 e processada por falsas acusações de fraude e agressão a um policial como forma de pressionar seus dois filhos.

Ela é esposa de um ex-juiz federal e mãe dos supostos fundadores do site de notícias 1ADAT . A mulher acabou condenada no julgamento a cinco anos e meio de prisão.

Jornalista agredida teve cabeça raspada 

Sergey Babinets, líder da ONG Equipe Contra a Tortura (antigo Comitê Contra a Tortura) relatou em seu canal no Telegram que os agressores espancaram a jornalista e o advogado com cassetetes, deram chutes, pegaram seus telefones, quebraram seus equipamentos e destruíram seus documentos, insultando-os e referindo-se a casos que a dupla acompanhava.

Os agressores derramaram uma solução verde brilhante na cabeça de Milashina e rasparam seu cabelo. Segundo a Human Rights Watch, na Chechênia raspar a cabeça de uma mulher à força é visto como uma forma particularmente degradante de punição. 

Babinets esteve no hospital e fotografou Elena Milashina com a cabeça raspada e ferida. Em um vídeo publicado no Twitter, ele disse: 

“Nemov está em uma cadeira de rodas, com dificuldades para se mover. Milashina não consegue nem sentar. Ambos foram brutalmente espancados por homens de balaclavas pretas, ameaçados com armas de fogo.

Nemov foi atingido por algo pontiagudo, possivelmente uma faca, na perna.”

A RSF condenou o ataque, lembrando que o jornal do Prêmio Nobel da Paz teve cinco jornalistas assassinados desde que Vladimir Putin chegou ao poder. 

“Tais atos bárbaros de intimidação por bandidos que trabalham para o chefe da República da Chechênia, Ramzan Kadyrov, não impedirão que os jornalistas continuem a cobrir o que está acontecendo lá. […], disse Jeanne Cavelier, diretora da organização para a  Europa Oriental e Ásia Central. 

“Saudamos a incrível coragem de Elena Milashina e seus colegas. Os jornalistas continuam incansavelmente investigando e fazendo reportagens, apesar do perigo. Matar um deles não mata suas investigações.”

De acordo com a Repórteres Sem Fronteiras, Kadyrov tinha ameaçado Milashina com violência em janeiro de 2022, logo após a prisão de Zarema Musayeva.

A organização lembrou que a jornalista foi agredida um dia após o 20º aniversário da morte do vice-editor e repórter investigativo do Novaya Gazeta, Yuri Shchekochikhin , que havia sido ameaçado em várias ocasiões.

Ele havia coberto casos de corrupção e trabalhado na Chechênia. O jornal acredita que o jornalista foi envenenado, mas a investigação oficial concluiu que sua morte foi resultado de uma alergia.

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