Londres – Ao mesmo tempo em que expulsa jornalistas estrangeiros do país, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia ampliou as sanções a jornalistas britânicos, publicando uma nova lista de profissionais de mídia proibidos de entrar no território russo, “em resposta à implementação agressiva por Londres de uma agenda hostil anti-Rússia”.
Os sancionados são repórteres, editores e dirigentes da rede pública BBC e dos jornais The Guardian e Daily Telegraph.
A lista de 54 nomes tem também profissionais de relações públicas e autoridades do governo, incluindo a Secretária Nacional de Mídia e Esportes, Lucy Frazer. Ela foi acusada por Moscou de “fazer lobby pelo isolamento esportivo internacional da Rússia”.
Pressão contra esportistas russos
No início deste ano, Frazer disse em um post no Twitter que havia pedido aos patrocinadores dos Jogos Olímpicos “que se juntassem a 35 nações com ideias semelhantes e pressionassem o COI por uma proibição permanente de atletas russos e bielorrussos competindo em torneios internacionais”, acrescentando que “ devemos continuar a garantir que a Rússia e a Bielorússia não possam usar o esporte para fins de propaganda”.
Outro alvo da nova lista de sanções da Rússia é a ministra de Defesa da Grã-Bretanha, Annabel Goldie, que Moscou diz ser “responsável pelo fornecimento de armas à Ucrânia, como projéteis de urânio empobrecido”.
Guerra de sanções entre Rússia e Reino Unido
A nova lista, publicada em 18 de agosto, é mais um capítulo da guerra de sanções envolvendo a mídia entre os dois países, que começou antes do conflito na Ucrânia. Em agosto de 2021, a correspondente Sarah Rainsford, da BBC, foi expulsa da Rússia.
Logo após a invasão, a União Europeia bloqueou o operador de satélites que distribuía o sinal da rede estatal RT (antiga Russia Today) no continente, tornando a rede inacessível também no Reino Unido.
Ainda assim, em uma medida para gerar efeito político, o Ofcom (órgão regulador de mídia britânico) oficialmente proibiu a RT no país em 18 de março de 2022.
Em junho do mesmo ano, Moscou vetou a entrada de 29 profissionais de mídia britânicos da BBC, The Guardian, The Times e The Independent.
A proibição não teve efeito prático, visto que vários deles eram executivos que não iriam ao país a trabalho, como a editora-chefe do Guardian, Katharine Viner.
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BBC, The Guardian e Daily Telegraph entre os sancionados
A nova lista de sanções, publicada na sexta-feira no site do Ministério das Relações Exteriores russos, é semelhante. Fazem parte dela estrelas da BBC, como o apresentador Ros Atkins e a repórter especializada em desinformação Marianna Spring, que realiza seu trabalho fora da Rússia.
Do Guardian foram banidos os repórteres Julian Borger e Daniel Boffey; os executivos do Guardian Media Group (GMG) Keith Underwood e Charles Gurassa; e a jornalista e pesquisadora Emily Bell, que faz parte do conselho do grupo.
Bell é diretora do Tow Center for Digital Journalism na universidade americana Columbia.
Em reportagem sobre as sanções, o Guardian disse:
“Ao banir jornalistas e executivos do Guardian, o governo russo está simplesmente demonstrando seu desrespeito por uma imprensa livre e justa.
O jornalismo do Guardian é altamente confiável em todo o mundo e continuaremos a cobrir vigorosamente a Rússia e sua invasão da Ucrânia”.
A nota do Ministério das Relações Exteriores russo diz que “no contexto do implacável apoio militar de Londres ao regime neonazista de Kiev, também foi tomada a decisão de impor sanções pessoais contra a liderança da empresa de inteligência militar privada britânica Prevail Partners (J. Hedges, H. Huntingford, D. Liddle), cujos especialistas estão envolvidos na coleta e prestação de serviços especiais ucranianos de informações de inteligência, incluindo dados pessoais de cidadãos estrangeiros e russos, bem como de militares das Forças Armadas Russas”.
A lista de proibidos de entrar na Rússia inclui ainda o promotor britânico Karim Khan, integrante do Tribunal Penal Internacional (TPI), devido ao seu envolvimento “na emissão de um mandado de prisão da liderança russa”, de acordo com o comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Vladimir Putin foi acusado pelo TPI de crime de guerra, por supostamente ter deportado ilegalmente centenas de crianças da Ucrânia.
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