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11 de setembro: Veja 7 teorias conspiratórias sobre os atentados espalhadas nas redes sociais

Bombeiro durante o incêndio das Torres Gêmeas em Nova York alvo de atentado em 11/9 de 2001

Londres – Após 22 anos de um ataque terrorista que mudou o mundo, as teorias conspiratórias sobre o atentado do grupo extremista islâmico al-Qaeda às Torres Gêmeas, em Nova York, continuam circulando, amplificadas pelas redes sociais. 

Na manhã de 11 de setembro de 2001, dois aviões comerciais atingiram as torres Norte e Sul, que pegaram fogo e desabaram. Outra aeronave colidiu com o prédio do Pentágono, em Washington, e uma quarta caiu na Pensilvânia sem concretizar o ataque planejado depois que os passageiros dominaram os terroristas. 

Um total de 2.996 pessoas morreram no mesmo dia, e outras nos anos seguintes, por ferimentos ou por doenças associadas ao ataque. O drama foi transmitido ao vivo pela TV para todo o mundo. 

Teorias conspiratórias online sobre 11/9

Desde então, historiadores, jornalistas, agências de checagem de fatos e organizações não-governamentais tentam derrubar os mitos criados em torno dos ataques, que entre outros efeitos disparou uma onda de aversão a muçulmanos pelo mundo. 

Algumas negam a existência do atentado, a despeito de ele ter sido transmitido ao vivo pela TV e testemunhado pelos moradores de Nova York e pela imprensa. Ou atribuem a forças ocultas e a governos. 

Veja algumas das principais teorias da conspiração sobre os ataques às Torres Gêmeas e ao Pentágono em 11 de setembro e as explicações sobre elas. 

O combustível de um avião não tem o poder de derreter vigas de aço 

Essa hipótese foi levantada para justificar a tese de que na verdade as torres teriam caído por ação de explosivos, e não da colisão.

Mas um relatório detalhado produzido pelo National Institute of Standards and Technology comprovou que os aviões danificaram severamente as colunas de sustentação, e deslocaram a proteção contra incêndio. O fogo atingiu 1.000º em partes dos prédios, o que fez com que as vigas empenassem e o edifício caísse.

O órgão fez uma investigação extensa e testou os materiais em laboratório para atestar que não houve explosivos, comprovando que o impacto e o incêndio levaram ao desabamento. 

Mas até hoje existem postagens em redes sociais alimentado essa a teoria conspiratória, como esta do Instagram que aparece sinalizada como “parcialmente verdadeira”. 

Post no Instagram alimenta teoria conspiratória de que Torres Gêmeas de Nova York não caíram em 11/9 por ação de atentado feito por aviões

Nenhuma peça de avião teria sido encontrada nos escombros dos prédios atingidos 

Em 11 de setembro do ano passado, mais de 20 anos após o atentado, a agência de checagem de fake news Full Fact denunciou uma postagem no Facebook em uma conta “Guerreiros da Terra Plana” reafirmando a teoria conspiratória que atribui a queda dos prédios a explosivos ou mísseis sob alegação de que não foram achados destroços: 

O FBI divulgou várias imagens de destroços de aeronaves no local do acidente do Pentágono, e evidências fotográficas usadas no julgamento de um membro da Al-Qaeda condenado por estar envolvido no planejamento dos ataques mostram partes do avião, incluindo segmentos da fuselagem e um gravador de dados de voo pertencente a Voo 93, que caiu em Shanksville, Pensilvânia.

No Marco Zero, alguns pedaços de destroços de avião foram descobertos no local e nos arredores, enquanto um pedaço de asa foi encontrado preso entre dois edifícios mais de uma década após os ataques. 

A postagem foi sinalizada como informação inverídica, mas continua visível para quem faça a opção de ver mesmo assim. 

O vídeo do 11 de setembro não prova que o avião não atingiu a Torre Sul

A Full Fact denunciou em 2021 outra postagem no Facebook afirmando erroneamente que imagens de vídeo dos ataques terroristas de 11/9  comprovariam que nenhum avião esteve envolvido. O vídeo foi visto mais de 2o mil vezes até ser removido. 

Ele mostrava o voo 175 atingindo a Torre Sul. Mas do ângulo em que foi filmado, o que se vê é a explosão e não o avião. 

Segundo a Full Fact, a explicação mais provável é que a visão do avião é obscurecida pela própria torre. O voo 175 atingiu a fachada voltada para sul da Torre Sul , o que significa que qualquer pessoa que estivesse assistindo, ou mesmo filmando, o ataque do lado norte poderia ter perdido o momento do impacto.

Erro em reportagem da BBC não foi fruto de ‘versão roteirizada’ do atentado 

A teoria conspiratória de que o atentado foi uma “demolição” planejada e encenada foi amplamente disseminada, aproveitando-se de um erro da BBC, cometido durante uma das coberturas mais dramáticas da história do jornalismo. 

De fato, a BBC noticiou o colapso antes de ele acontecer, mas pelas explicações e pelo contexto ficou evidenciado que foi um erro da repórter, quando as torres já estavam prestes a cair. A fumaça é vista ao fundo. 

O boletim foi lido pela jornalista às 16h54, e o edifício ruiu às 17h20. Mas antes disso, às 16h15, a CNN já tinha anunciado que autoridades haviam indicado que o colapso era iminente, segundo a Full Fact. A tensão e a busca pelo “furo” explicam. 

Richard Porter, então editor-chefe do serviço de notícias global da BBC, negou fazer parte de conspiração, ou que alguém tenha passado comunicados de imprensa ou roteiros à rede. 

“No caos e na confusão do dia, […]  dissemos coisas que se revelaram falsas ou imprecisas – mas que foram baseadas nas melhores informações que tínhamos. […] usamos palavras como “aparentemente” ou “foi relatado” ou “estamos ouvindo” e tentamos constantemente verificar e verificar novamente as informações que recebíamos.”

O tamanho do rombo no Pentágono após o choque de um avião 

A teoria conspiratória questiona a veracidade do atentado à sede do Pentágono, em Washington, alegando que um avião enorme provocou um buraco de pouco mais de cinco metros, e que na verdade o prédio teria sido atingido por um míssil. 

No entanto, o Relatório oficial de Desempenho de Edifícios do Pentágono afirmou que o buraco perfurado no anel E exterior das paredes do Pentágono tinha, na verdade, cerca de 23 metros de diâmetro.

Foto: WikiImages / Pixabay

O fato do voo 77 não ter deixado um buraco em forma de avião é explicado pelo fato de que uma das asas se desintegrou quando atingiu o solo antes do impacto e a outra se partiu.

O orifício de saída de impacto do anel C tinha, na verdade, 12 pés de largura, e não 16 pés, e foi provavelmente causado pelo trem de pouso muito mais robusto da aeronave abrindo caminho através do prédio.

Estado profundo” seria o autor dos ataques, segundo o QAnon

O grupo QAnon, que continua popular nos EUA, foi um dos que propagou online a teoria de que o país teria orquestrado os atentados de 11/9. 

Assim como outros grupos extremistas, a tese é de que as elites globais planejavam restringir as liberdades civis em resposta aos ataques e facilitar o estabelecimento de um governo mundial autoritário.

Judeus não teriam morrido no atentado ao World Trade Center 

Conspiracionistas também disseminaram a informação falsa de que os 4 mil funcionários judeus que trabalhavam no World Trade Center teriam recebido uma aviso prévio sobre o ataque e não estavam lá naquele dia. 

A tese é de que o governo de Israel teria patrocinado o atentado para forçar os EUA a iniciarem uma guerra contra inimigos regionais.

O balanço dos mortos confirmou 119 pessoas comprovadamente judias entre as vítimas, e outras  72 foram consideradas judias.

Geopolítica e teorias da conspiração 

Não foram apenas usuários anônimos ou grupos de conspiracionistas a propagar teses sem fundamento sobre o atentado da al-Qaeda às Torres Gêmeas. Até autoridades o fizeram. 

Dez anos após o atentado, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, engenheiro por formação, disse em uma entrevista em seguida a um discurso na Assembleia da ONU acreditar que os prédios não poderiam ser derrubados por aviões. Na mesma entrevista, questionou o Holocausto. 

Para ele, o ataque de 11 de setembro teria sido uma “grande invenção” dos EUA para justificar a guerra contra o terrorismo, que culminou com a invasão do Iraque e do Afeganistão. 

 

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