Londres – O Museu de História Natural de Londres anunciou os vencedores de seu prêmio anual de fotografia da vida selvagem, dando a vitória ao registro raro de um caranguejo-ferradura de três espinhos feito pelo francês Laurent Balestra nas Filipinas

Além do exotismo de suas formas e beleza de sua couraça dourada, lembrando até uma nave espacial, o caranguejo fotografado na Ilha Pangatalan é um símbolo das ameaças à vida selvagem: conviveu com dinossauros, sobreviveu por mais de 100 milhões de anos e agora enfrenta riscos devido à pesca, destruição do habitat e uso de seu sangue azul para fazer vacinas. 

Detalhe de caranguejo-ferradura fotografado por vencedor de concurso de fotos da natureza do Museu de História Natural de Londres

Este outro ângulo mostra a parte inferior do animal, que segundo os especialistas da instituição, pouco mudou ao longo da história. 

Caranguejo-ferradura fotografado nas Filipinas, imagem premiada em concurso de fotos da natureza

O concurso de fotos da vida selvagem do museu londrino recebeu este ano quase 50 mil inscrições de 95 países.

Veja os outros trabalhos premiados, incluindo a imagem de uma anta brasileira, que agora estão expostos em uma mostra no Museu. 

Fotógrafo indiano que vive em Dubai, Vishbnu Gopal registrou o animal saindo cautelosamente da floresta em Tapiraí, São Paulo. O destaque é o olhar desconfiado. 

Anta sai da floresta em São Paulo, em foto selecionada entre as melhores de concurso de imagens da vida selvagem


Fotos da vida em Israel são premiadas 

Duas fotos escolhidas pelo júri do concurso retratam a vida selvagem em Israel, que agora vive os horrores de uma guerra.

 Amit Eshel venceu a categoria Animais em seu Ambiente com a imagem de dois machos da espécie íbex  (espécie de cabra selvagem) em pleno combate no Deserto de Zin. 

Dois íbex combatem no deserto de Zin, em Israel, em foto premiada pelo concurso do Museu de História Natural de Londres

Eles se enfrentaram na encosta de um penhasco por cerca de 15 minutos antes de um deles se render. Em seguida, separaram-se sem ferimentos graves.


Carmel Bechler, israelense de 17 anos, conquistou o título de Jovem Fotógrafo da Vida Selvagem do ano com a foto de corujas em um prédio abandonado à beira de uma estrada. 

Corujas em uma casa abandonada em Israel, foto premiada em concurso de fotografia da vida selvagem

Bechler disse que seu trabalho pretende mostrar que “a beleza do mundo natural está ao nosso redor, mesmo em lugares onde menos esperamos que esteja, só precisamos abrir nossos olhos e nossas mentes”.

Para os jurados, contraste na foto entre as luzes de neon e as corujas cuidando de seus ninhos simboliza a tensão crescente entre os humanos e a vida selvagem.


O concurso premiou um fotógrafo ainda mais jovem, na categoria 10 anos ou menos. O indiano Vihaan  Talya Vikas venceu com a imagem batizada de “O Muro das Maravilhas”, captada em uma reserva em Karnataka, Índia. 

Aranha com sua presa em um muro, foto vencedora de concurso de imagens da vida selvagem

Uma aranha ornamental de tronco de árvore impede que suas presas escapem. Para o fotógrafo, parecia que a aranha havia posicionado sua teia após ficar fascinada pelo som da flauta de Krishna.


Outro indiano, Seriam Murali, teve sua foto escolhida como a melhor na categoria “Comportamento dos Invertebrados”. 

Luzes de vagalumes na Índia, uma das fotos escolhidas pelo júri do concurso do Museu de História Natural de Londres

“Luzes fantásticas”, feita na Reserva de Tigres Anamalai, em Tamil Nadu, é uma combinação de 50 capturas de imagem com duração de 19 segundos para mostrar os flashes de vaga-lumes produzidos durante 16 minutos nas florestas perto de sua cidade natal.


O mundo das pequenas criaturas da vida selvagem foi também registrado pelo grego Agorastos Papatsanis, em Monte Olimpo. A foto escolhida como a melhor na categoria Plantas e Fungos mostra cogumelos guarda-sol liberando esporos pelas guelras

Cogumelo guarda-sol libera esporos, registro da vida selvagem premiado em concurso de fotografiaAlguns pousarão onde houver umidade e alimentos, permitindo-lhes desenvolver redes sob o solo da floresta.


O vencedor em Comportamento de Mamíferos, Bertie Gregory, documentou na Península Antártica um grupo de baleias preparando-se para colocar uma foca na água para comê-la.

Baleias se preparam para comer uma foca, foto classificada entre as melhores do concurso do Museu de História Natural de Londres

As bolhas registradas na imagem são consideradas uma forma de as baleias se comunicarem para formar as ondas e assim derrubarem o animal.


Em Comportamento de Pássaros, o campeão foi Hadrien Lalague, como uma foto feita na Guiana retratando um grupo de pássaros trompetistas, que se alimentam de vegetais, insetos e até pequenas cobras encontradas no chão da floresta.

Pássaros trompetistas na Guiana, com cobra passando ao fundo, é uma das fotos premiadas em concurso de imagens da vida selvagem

Mas a enorme jibóia que passava diante deles na hora do clique talvez tenha sido considerada grande demais para virar uma refeição. 


No mundo subaquático, o melhor registro do concurso do Museu de História Natural de Londres foi feito na Baía de Kosi, África do Sul.

Mike Korostelev capturou a ternura da mamãe hipopótamo descansando no fundo de um lago de guas claras. 

Mãe hipopótamo com dois filhotes dentro de lago na África do Sul, foto premiada em concurso de museu em Londres


O júri do Museu de História Natural de Londres escolheu a foto do que parece ser um namoro entre dois  gansos-patola, de Raquel Bigsby, como a melhor imagem de Arte na Natureza. 

Gansos fotografados na Escócia, foto premiada em concurso do Museu de História Natural de Londres

Todos os verões, a Reserva Natural Nacional de Noss, na Escócia, acolhe mais de 22 mil desses animais, que regressam do Norte para procriar nas saliências esculpidas pelos elementos da natureza.  A espécie foi a mais atingida pelo surto de gripe aviária de 2022.


A melhor série do concurso foi feita por Luca Melcarne no Parque Nacional de Vercors, nos Alpes franceses. Uma das imagens é a do íbex no meio do gelo.

Íbex no meio do gelo nos Alpes franceses, foto premiada em concurso de fotografia da vida selvagem

Para fazer o registro, o fotógrafo teve que descongelar a câmera com a própria respiração. 


Mas nem tudo é alegria na natureza. A foto batizada de Rio Morto, feita em Jacarta (Indonésia), mostra o rio Clilwung, que vem sendo sufocado por resíduos sólidos, dejetos e fertilizantes agrícolas.

A imagem de Joan de la Malla venceu na categoria Zonas Úmidas. 

Rio em Jacarta afetado por poluição, foto premiada em concurso de fotografia da natureza

A escolha das melhores fotos do ano no concurso do Museu de História de Londres é feita por um painel internacional de jurados com base em originalidade, narrativa, excelência técnica e prática ética.

“Embora inspirem admiração, as imagens vencedoras deste ano apresentam provas convincentes do nosso impacto na natureza – tanto positivo como negativo”, disse Doug Gurr, diretor do Museu-

“As promessas globais devem se transformar em ações para inverter a maré do declínio da natureza”, completou. 


As fotos foram divulgadas pelo Museu de História Natural de Londres.