Londres – As jornalistas iranianas Niloofar Hamedi e Elahe Mohammadi, que estão entre as primeiras a cobrir a morte e o funeral da jovem curda Mahsa Amini, foram condenadas à prisão neste domingo (22) por “colaborarem com o governo hostil dos EUA”, “agir contra a segurança nacional” e por “atividade de propaganda contra a República Islâmica do Irã”.
Hamedi, repórter do jornal Shargh Daily, e Mohammadi, editora de assuntos sociais do Hammihan, foram sentenciadas a sete anos e seis anos, respectivamente, pela suposta colaboração com os EUA.
Cada uma recebeu mais cinco anos de prisão por “agir contra a segurança nacional” e um ano pela acusação de propaganda.
Jovem morreu na prisão no Irã
A morte e o funeral de Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro de 2022, gerou protestos em todo o país. Ela perdeu a vida sob custódia policial após ser detida por uso indevido do véu islâmico.
Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), as profissionais condenadas têm 20 dias para interpor recurso.
Se o tribunal de recursos do Irã mantiver o veredito, Hamedi será obrigada a cumprir um mínimo de sete anos de prisão e Mohammadi deverá cumprir pelo menos seis.
“As condenações de Niloofar Hamedi e Elahe Mohammadi são uma farsa e servem como um testemunho claro da erosão da liberdade de expressão e das tentativas desesperadas do governo iraniano de criminalizar o jornalismo”, disse Sherif Mansour, coordenador do CPJ para o Oriente Médio e Norte da África. .
O secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), Anthony Bellanger, disse: “A decisão […] é tão chocante quanto injusta – assim como o constante ataque a jornalistas pelas autoridades iranianas.”
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Irã prendeu mais de 100 jornalistas após protestos
O Irã ocupa o 178º lugar entre 180 países no ranking de liberdade de imprensa da organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
De acordo com um relatório da IFJ publicado em setembro, pelo menos 100 jornalistas foram detidos e encarcerados no Irã desde o ano passado. Mais de 20 foram condenados ou forçados a abandonar os seus empregos
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O caso de Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi ganhou visibilidade internacional devido à extensão das penas – havia a possibilidade de prisão perpétua – e ao papel que tiveram na revelação das circunstâncias da morte de Mahsa Amini.
Hamedi fotografou os pais da jovem curda abraçados no hospital de Teerã onde sua filha estava em coma, e deu voz às acusações de que a morte não foi causada por doenças preexistentes.
Elaheh Mohammadi também começou a cobrir o caso no hospital, e foi a única a acompanhar o funeral da jovem, na cidade de Saqquez. A reportagem escrita para o jornal reformista Hammihan foi intitulada “Terra da Tristeza”.
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