Londres –  Um novo livro anunciado nesta sexta-feira (5) pela Casa de Anne Frank e pela editora Scholastic vai reconstituir a pouco conhecida história da vida da jovem autora do diário que se tornou um dos mais contundentes relatos do drama do Holocausto na Segunda Guerra Mundial. 

 A escolhida para escrever When We Flew Away: A Novel of Anne Frank Before the Diary (Quando nós fugimos – Um romance de Anne Frank Antes do Diário, em tradução livre) foi Alice Hoffman, autora de vários best-sellers, incluindo um sobre a perseguição nazista e Practical Magic, que deu origem ao filme Magia e Sedução. 

O livro, que chega às livrarias em setembro, utiliza como referências uma ampla pesquisa nos EUA e na Europa e arquivos cedidos pela Casa de Anne Frank, instituição fundada por seu pai, Otto, no prédio de Amsterdã onde a família se refugiou quando os nazistas ocuparam o país. 

Novo sobre a vida de Anne Frank antes do diário fuga do nazismo 

A Scholastic é a maior editora e distribuidora mundial de livros infantis. Anne Frank morreu em 1944 aos 15 anos no campo de concentração Auschvitz, de inanição.

Seu diário foi publicado por seu pai em 1947 sob o nome de “Diário de uma Jovem”, e se se tornou um dos livros mais lidos do mundo. 

Segundo a editora, Alice Hoffman retratará no novo livro as experiências de Anne Frank desde o momento em que os nazistas invadiram a Holanda até sua família ser forçada a se esconder em um anexo do prédio de escritórios de seu pai, em Amsterdã – quando ela então começa o relato no diário. 

Última foto conhecida de Anne Frank, autora do diário sobre o Holocausto
Última fotografia conhecida de Anne Frank, tirada em maio de 1942 durante uma sessão de fotos para passaporte. (Coleção de fotos da Casa de Anne Frank, Amsterdã, domínio público)

A família de Anne Frank era da Alemanha. Ela nasceu em Frankfurt em 1929. Os Frank tinham se radicado na Holanda para fugir das perseguições aos judeus na Alemanha, mas em 1940 o país foi invadido pelos nazistas. 

A obra reconstituirá também as tentativas desesperadas de Otto Frank para levar sua família para um lugar seguro na América, a partir de informações contidas em correspondências trocadas entre o pai de Anne e Nathan Straus Jr. 

 

“À medida que a discriminação patrocinada pelo Estado transforma pessoas comuns em monstros, os judeus na Holanda são atingidos por uma onda incontida de violência e ódio, ambiente em que Anne é moldada como uma jovem mulher e como uma escritora que mudará o mundo”, diz a Scholastic. 

Escritora foi influenciada pelo Diário de Anne Frank 

Na apresentação do novo livro, Alice Hoffman contou como o Diário de Anne Frank a influenciou.

 “Aos 12 anos, descobri muitos dos livros que mais significaram para mim, que mudaram minha vida. O livro que mais me tocou foi O Diário de uma Jovem, de Anne Frank. Mudou a maneira como eu via o mundo. Mudou a pessoa que eu era e a pessoa em que me tornaria.

Perguntei-me como teria sido a vida de Anne antes do diário e o que a levou a tornar-se a escritora cuja voz falou por uma geração daqueles cujas vidas foram arruinadas ou encerradas pela ocupação nazista, uma voz que nunca nos permitirá esquecer o que aconteceu.”

A editora responsável pelo novo livro diz Alice Hoffman usa “uma linguagem impressionante e comovente para lançar luz sobre aquele período da vida de Anne Frank em que os seus direitos e liberdades diminuíram à medida que a sua voz se tornava mais forte – e ela escolheu escrever [o diário].

Novo livro sobre a vida de Anne Frank

Embora o romance seja destinado a leitores de 8 a 12 anos, a Scholastic acredita que adolescentes e adultos que conhecem o nome Anne Frank vão querer entender melhor quem ela era e por que sua história é especialmente importante nos dias de hoje, em que o antissemitismo se intensifica agravado pela guerra em Gaza

“Recomendamos fortemente o romance de Alice Hoffman sobre a vida de Anne Frank, ambientado nas circunstâncias dramáticas e terríveis daqueles primeiros anos de guerra. Esperamos que este livro convença os jovens leitores de que contribuir para um mundo melhor é necessário e possível”, afirmou Ronald Leopold, Diretor Executivo da Casa de Anne Frank.