Londres – A organizaรงรฃo de liberdade de imprensa Repรณrteres Sem Fronteiras (RSF) defendeu o bloqueio do Twitter / X no Brasil, embora lamentando o impacto sobre o jornalismo, jรก que a plataforma รฉ largamente utilizada pela imprensa.
Em um comunicado, a RSF considerou a decisรฃo “justificada, diante da recusa constante da plataforma em responder a solicitaรงรตes das autoridades para cumprir a lei”.
“Devido ao papel das mรญdias sociais na disseminaรงรฃo de desinformaรงรฃo, nenhuma democracia pode se dar ao luxo de permitir que essas plataformas fujam de suas obrigaรงรตes legais”, disse a entidade, forte defensora da regulamentaรงรฃo das redes sociais.
A Repรณrteres Sem Fronteiras descreveu o bloqueio como o resultado inevitรกvel de um conflito que jรก durava meses, atรฉ que em 2 de setembro a primeira turma do Supremo Tribunal Federal confirmou a decisรฃo do juiz Alexandre de Moraes de bloquear o X pela recusa em cancelar contas a pedido do Supremo e de nomear um representante legal no Brasil.
A entidade salientou que em vรกrias ocasiรตes, o X foi ordenado a bloquear contas “que contribuรญram para campanhas massivas de desinformaรงรฃo visando desestabilizar as instituiรงรตes democrรกticas do paรญs”.
E afirmou que embora a decisรฃo nรฃo fosse surpresa, devido ร s sucessivas recusas em cumprir as determinaรงรตes legais, “foi um lembrete radical de que ninguรฉm estรก acima da lei”.
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Para ONG de jornalismo, bloqueio do X no Brasil foi ‘รบltimo recurso’
Thibaut Bruttin, Diretor Geral da RSF, afirmou que “o papel que as plataformas definiram para si mesmas no espaรงo da informaรงรฃo nรฃo lhes dรก o direito de se comportar de forma irresponsรกvel”, acrescentando que “nรฃo se pode demonstrar fraqueza quando elas tentam contornar as leis de sociedades democrรกticas”.
“A รณbvia falta de vontade de impedir a propagaรงรฃo de conteรบdo falso, enganoso e propagandรญstico e a cooperaรงรฃo insuficiente com reguladores nacionais ameaรงam a confiabilidade das informaรงรตes e a estabilidade das democracias.
[As plataformas] devem ser responsabilizadas se nรฃo cumprirem com suas obrigaรงรตes. Bloquear a plataforma foi o รบltimo recurso, devido ร recusa de X em cumprir a lei. “
Sistema no Brasil ‘merece ser reformado’
Bruttin avalia que o sistema que atualmente rege as plataformas no Brasil merece ser reformado, mas diz que “isso de forma alguma autoriza Elon Musk a fazer justiรงa com as prรณprias mรฃos”.
A Repรณrteres Sem Fronteiras afirmou que “o X sabe sabe o procedimento exato para acabar com a proibiรงรฃo: bloquear as contas identificadas pelo Supremo Tribunal โ ou seguir o processo de apelaรงรฃo se discordar โ pagar as multas, nomear um representante legal e retomar o diรกlogo com o Supremo”.
No entanto, diz a entidade, em casos anteriores em que contas X foram bloqueadas por tribunais brasileiros a empresa apelou, o que foi interpretado pela RSF como sinal de “um desejo deliberado de entrar em conflito com o Supremo Tribunal e com juiz do caso, Alexandre de Moraes, que tambรฉm estรก julgando processos o ex-presidente Jair Bolsonaro, “apoiador e admirador de Elon Musk”.
A RSF criticou Musk por sua defesa da liberdade de expressรฃo como “desculpa” para contestar o banimento da plataforma, mas tambรฉm apontou “deficiรชncias” na decisรฃo judicial que podem servir como fundamento para recursos.
E finalizou cobrando dos legisladores brasileiros a adoรงรฃo de leis regulamentando as mรญdias sociais.
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