Há dois anos, o até então Twitter ganhava um novo dono: X, de Elon Musk. O bilionário concluiu em 28 de outubro de 2022 a aquisição da rede social e implementou diversas medidas que mudaram os alicerces da plataforma.
De cara, Musk demitiu o alto escalão da empresa, incluindo o CEO e a diretora jurídica, além de fazer cortes em áreas estratégicas e encerrar as operações de filiais. O X afrouxou regras de moderação e, em pouco tempo, já não era mais o mesmo – em especial, para os jornalistas.
Inundada de perfis falsos, propagandas e discursos de ódio, uma das redes mais populares e confiáveis para se difundir e receber informações se transformou em um “pesadelo jornalístico, como define a Repórteres sem Fronteiras. Mas será que é possível mudar isso? A Repórteres Sem Fronteiras acha que sim, e fez um plano de oito passos que poderiam restaurar o passado do Twitter.
8 passos para o X de Musk ser menos tóxico para jornalistas
Jornalistas fizeram do Twitter sua rede número 1 tanto para buscar quanto para divulgar pautas relevantes para a sociedade. Na rede, identificaram um oásis para o acesso à informação, troca de ideias, debates e conexões.
O X, no entanto, não é assim.
Sob Musk, a plataforma foi se transformando numa arena de luta livre em que ataques não só são permitidos, como incentivados – e, muitas vezes, pelo próprio dono, aponta a organização.
A flexibilização nas regras de moderação de conteúdo também contribuiu para o ambiente hostil, onde reinam as fake news e os perfis falsos.
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As mudanças impactaram até o chatbot de inteligência artificial Grok, alimentado pelo conteúdo que circula no X. Uma investigação da Global Witness revelou que a IA respondeu com desinformação a perguntas sobre as eleições dos Estados Unidos.
“Os dois anos de Elon Musk no comando do X são um pesadelo para a informação jornalística na plataforma”, afirma a diretora editorial da RSF Anne Bocande.
“A liberdade de imprensa e o direito do público a informações confiáveis foram virtualmente eliminados”.
Para tentar reverter esse cenário, a ONG elaborou um plano com oito medidas para governos adotarem e obrigarem o X e demais plataformas de redes sociais a restaurarem a livre circulação de notícias e o direito à informação:
- Neutralidade ideológica, política e religiosa: as plataformas devem ser neutras e não podem promover interesses pessoais ou ideológicos de seus proprietários.
- Visibilidade para fontes confiáveis: deve-se garantir que fontes confiáveis, como profissionais e empresas de mídias, sejam facilmente encontradas pelos usuários.
- Recomendação de conteúdo jornalístico: algoritmos devem ser adaptados para recomendar, exibir e priorizar fontes jornalísticas confiáveis.
- Pluralidade: os conteúdos informativos exibidos pelas plataformas precisam refletir diversidade de pontos de vista – o mesmo vale para bancos de dados que alimentam IAs.
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- Garantia da origem das informações: a verificação de contas deve acontecer com base em critérios objetivos de identidade, evitando que seja condicionada a assinaturas que prometem maior visibilidade a usuários.
- Distinção entre jornalistas e influenciadores: as plataformas precisam deixar claro quais são as contas de jornalistas e quais são as de influenciadores, para que os usuários saibam de forma clara o autor de conteúdos e opiniões.
- Contestação transparente e independente: é necessário estabelecer processos independentes e transparentes para a contestação e revisão de decisões de moderação que afetam jornalistas e organizações de mídia.
- Avaliações sobre impactos na liberdade de imprensa: as plataformas devem fazer auditorias regulares e independentes para avaliar o impacto de suas políticas e práticas na liberdade de imprensa e no acesso à informação.
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