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Dia da Conscientização sobre Mudanças Climáticas: o poder do jornalismo de soluções para impulsionar as transformações

Estação de bicicletas elétricas

Foto: Augustín Barrios / Pixabay

O Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, celebrado em 16 de março ganha ainda maior relevância em 2025, devido à proximidade da COP30, que será realizada em Belém no mês de novembro.

Em um momento de crescente urgência da crise climática e da necessidade de ações eficazes, o papel da mídia se torna central na mobilização da sociedade.

A coalizão Covering Climate Now (CCNow), uma colaboração global de organizações de notícias focada em fortalecer a cobertura da crise climática, enfatiza a importância do jornalismo de soluções como um instrumento vital para expor os problemas e mostrar possíveis caminhos para um futuro sustentável.

A CCNow argumenta que a cobertura climática tradicional, embora essencial para delinear a magnitude da crise, muitas vezes se concentra excessivamente nos problemas.

No entanto, é necessário compreender que a crise tem solução, e esse é o papel dessa vertente do jornalismo que tem até uma organização especialmente dedicada a incentivar sua adoção. 

Medidas para combater as  mudanças climáticas

Para evitar um aumento catastrófico da temperatura, a organização ressalta que as emissões de gases de efeito estufa da humanidade devem ser reduzidas pela metade durante a próxima década, e cumprir o compromisso de zerar a emissão de gases, chamado de “net zero”, até 2050.

Mas com a demora em adotar medidas efetivas, atingir essa meta exigirá uma mudança radical. Isso inclui a rápida eliminação do petróleo, gás e carvão, o fim do desmatamento e a transição para métodos de agricultura favoráveis ao clima, na avaliação da CCNow. 

A boa notícia é que o mundo já possui a maior parte do conhecimento e das tecnologias necessárias, mas o desafio real é implementar as soluções de forma rápida.

Soluções adotadas na luta contra as mudanças climáticas

No jornalismo de soluções, propostas que já têm um impacto efetivo em alguma comunidade são temas de cobertura, mesmo que em estágios iniciais. 

As áreas de atenção são divididas pela CCNow em cinco categorias: política, economia, tecnologia, sociedade civil e cultura.

O objetivo é investigar e responsabilizar as soluções propostas com rigor e análise dos fatos, além de realizar uma crítica construtiva das iniciativas em andamento.

 É possível identificar o que funciona, como e quais lições podem ser aprendidas para ampliar seu impacto de forma global – e divulgar isso.

Política e Governo

Com o papel de apurar, expor e cobrar, a mídia tem papel fundamental em investigar o potencial de medidas como impostos e subsídios para reduzir emissões, além de identificar as “falsas soluções” e expor ações que podem bloquear os avanços.

 Ao questionar o posicionamento de autoridades locais sobre o clima e suas políticas, a imprensa ajuda na conscientização sobre as mudanças climáticas,

Economia e Negócios

De acordo com a Covering Climate Now, é essencial analisar o financiamento destinado aos combustíveis fósseis e os desafios para a redução.

As empresas de tecnologia têm papel fundamental na discussão também. O jornalismo de soluções pode analisar como elas facilitam ou dificultam a transição para uma matriz energética mais limpa.

O desenvolvimento e implementação de tecnologias verdes são outros aspectos importantes.

Um dos pontos principais dessa fiscalização ao setor de economia e negócios são as promessas de reduzir a zero as emissões de carbono, chamadas de “net zero”, e a efetividade das compensações de carbono adotadas.

Tecnologias e Práticas

A CCNow recomenda um olhar atento sobre a transição para veículos elétricos e eletrodomésticos eficientes.

Além disso, a adoção de métodos de agricultura sustentável e ações para proteger infraestruturas críticas também estão cada vez mais ganhando força no ramo da tecnologia e devem ser acompanhadas sob a perspectiva do jornalismo de soluções. 

O livro Drawdown – 100 iniciativas poderosas para resolver a crise climática, organizado pelo ambientalista e escritor americano Paul Hawken, e une pesquisas de uma coalizão de profissionais e cientistas que propõem soluções realistas para as mudanças climáticas.

As soluções variam desde a energia limpa até a educação de mulheres e meninas em países de baixa renda, incluindo práticas de uso da terra que capturam o carbono da atmosfera, ideias que estão sendo colocadas em prática por comunidades em todo o mundo.

Se forem implementadas em escala global nos próximos 30 anos, elas podem representar um avanço confiável, não só para retardar o aquecimento global, mas para conseguir o drawdown, o ponto no qual os gases de efeito estufa na atmosfera atingem seu nível máximo e começam a diminuir, aponta a coalizão de jornalismo ambiental. 

Sociedade Civil

Aproveitando o dia da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, é importante entender o papel da sociedade, além de pequenas ações para reduzir as emissões – como usar transporte público e diminuir o desperdício de água – também pode ser apoiar instituições que atuem na causa.

O jornalismo de soluções pode dar visibilidade às ações de escolas, grupos comunitários, organizações não governamentais e ativistas, cobrindo seus objetivos, métodos e resultados.

É importante também investigar o conhecimento e as opiniões da população sobre as mudanças climáticas. Além disso, compreender como o diálogo e as ações individuais estão evoluindo são essenciais para entender o engajamento da sociedade, propõe a CCNow. 

Cultura

Explorar como a arte, literatura, música e outras formas de expressão cultural refletem a emergência climática e inspiram ações pode alcançar novos públicos e gerar um engajamento mais profundo com o tema. 

Efeitos das mudanças climáticas

A partir da Revolução Industrial no século XVIII, a emissão dos gases do efeito estufa na atmosfera só cresceu, e as mudanças climáticas se intensificaram. No entanto, até meados do século XX, esse crescimento foi lento.

No fim da Segunda Guerra, em 1945, foram emitidas 4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Cinco anos depois, o número passou para 6 bilhões, de acordo com o Global Carbon Project, organização que quantifica as emissões globais e suas causas.

Mas foram nos anos seguintes que esse número cresceu como nunca. Em 1989, já tinham sido emitidas 22 bilhões de toneladas.

Cerca de 52,74% da emissão de CO2 em todo o mundo ocorreu a partir de 1990. O dado mais recente é de 2019: 36,4 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa.

De lá para cá, ocorreram inundações, incêndios florestais, derretimento das calotas polares e variações extremas de temperatura em todos os continentes.

Neste Dia da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, e com a COP30 no horizonte, o jornalismo de soluções capacita a mídia a ir além da constatação dos problemas.

Ao explicar claramente o que são as soluções, como estão sendo implementadas e com que resultados, a mídia pode aumentar a conscientização, fomentar um debate público mais informado e pressionar por ações mais ambiciosas e eficazes por parte de governos, empresas e de toda a sociedade.

Isso se torna fundamental para a mobilização e a construção de um futuro climático mais resiliente e sustentável.

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