• Confira 10 revelações do novo livro sobre o príncipe Andrew, incluindo o escândalo do relacionamento com o pedófilo Jeffrey Epstein, finanças confusas, briga física com príncipe Harry e agressões verbais a funcionários. 
    • Obra do jornalista e historiador Andrew Lownie é resultado de quatro anos de investigação e centenas de entrevistas

    Com mais de 450 páginas, o livro Entitled – The Rise and Fall of the House of York traça um retrato devastador do príncipe Andrew, que vive no ostracismo após ser arrastado para o escândalo envolvendo o pedófilo Jeffrey Epstein – mas as revelações vão muito além. 

    Escândalos e histórias do livro sobre o príncipe Andrew antecipados por tabloide 

    Embora só chegue oficialmente às livrarias em 14 de agosto, (está em pré-venda) o livro Entitled – The Rise and Fall of the House of York (“A Ascensão e Queda da Casa de York”), do jornalista e historiador Andrew Lownie, já provoca ondas de choque na imagem da monarquia britânica, que ele representou oficialmente até 2022, quando muitos dos fatos narrados já eram conhecidos. 

    Capítulos do livro estão sendo publicados desde desde o início da semana passada diariamente pelo tabloide Daily Mail, que assegurou os direitos de acesso antecipado à obra.

    Na sequência, os mais importantes jornais do país, como The Times, The Guardian e Daily Telegraph têm dissecado as histórias reveladas pelo jornal, complementando os fatos e ouvindo novas fontes. 

    Andrew, o privilegiado

    O “entitled” do título não se refere ao título da obra. É o adjetivo em inglês que descreve alguém que age como se tivesse direitos e privilégios por nascimento — isto é, “com senso de direito/privilegiado”.

    Era o caso de Andrew, filho mais novo da rainha Elizabeth II, que morreu em 2022. Muitos diziam que era o preferido, e ela tentou protegê-lo até o fim. Mas não conseguiu e ele acabou afastado das funções públicas antes mesmo da morte da monarca e perdeu seus titulos e cargos. 

    Ainda assim, ele nunca saiu das manchetes. A nova obra reúne quatro anos de investigação e centenas de entrevistas e expõe o príncipe Andrew como arrogante, obcecado por sexo, financeiramente imprudente e se recusando a admitir a proximidade com o criminoso sexual Jeffrey Epstein.

  •  Lownie, conhecido por biografias que redefinem reputações históricas, como a do duque de Windsor, não apenas cimenta a imagem pública de Andrew, mas a enterra de vez.

    Segundo o autor, o verdadeiro escândalo é financeiro, não sexual — tese que perpassa a investigação sobre a origem de recursos, benesses privadas e o uso de viagens oficiais do nobre que ainda é o 8º na linha de sucessão ao trono britânico. 

O livro sobre o príncipe Andrew: revelações de ‘Entitled’

1.Vida sexual e conduta

Segundo os capítulos anteicpados pelo Daily Mail, Andrew é descrito como “viciado em sexo”.

A obra relata episódios de vida sexual precoce (teria perdido a virgindade aos 11 e tido múltiplas experiências antes dos 13) e traz estimativas de que ele teria dormido com mais de mil mulheres.

Há descrições de levar “tarts” (gíria depreciativa para mulheres consideradas “fáceis”/prostitutas) com seios grandes para jantar com a rainha, de pôr as mãos em joelhos sob a mesa e de empurrar rostos de mulheres sobe pâté “de brincadeira”.

Há ainda relatos de trapaças no golfe “ao estilo Trump”, e de lenços usados deixados no chão do quarto após práticas de autoerotismo.

2. Relação com Epstein e o papel de “isca”.

A obra afirma que o financista usava Andrew como “isca” em esquemas de chantagem envolvendo figuras internacionais, incluindo uma espiã russa que teria seduzido o príncipe e lhe dado um computador grampeado.

Andrew teria admitido que Epstein o apresentou a pessoas que normalmente não conheceria.

A obra reacende o escândalo com detalhes sobre a famosa foto de Andrew com Virginia Giuffre e Ghislaine Maxwell, supostamente tirada por Epstein.

E questiona se Epstein realmente se suicidou, citando falhas médicas e lacunas na supervisão da prisão.

3. Relação com Ghislaine Maxwell

Segundo Lownie, Andrew e Maxwell, companheira de Jeffery Epstein condenada por ajudá-lo em crimes sexuais, teriam sido  íntimos. Ela o visitaria regularmente no palácio e pernoitaria lá. 

“A suposição é de que não passavam a noite jogando Banco Imobiliário”, diz o autor.

4. Círculo social e eventos com Trump e Epstein

O livro cita a presença do príncipe Andrew em jantares em Manhattan no apartamento de Epstein com convidados como Woody Allen, mostrando que ele passou a ter uma vida glamurosa entre celebridades americanas e do mundo artístico. 

Também descreve festas em Mar-a-Lago, o resort de Donald Trump, com a presença de Melania Trump.

5. Tratamento a funcionários e gafes com autoridades

O comportamento de Andrew com funcionários é descrito como abusivo e humilhante.

Ele teria chamado um funcionário de “f***ing imbecile” por não usar o título completo da rainha mãe ao se referir a ela, além de demitir empregados por motivos fúteis, como usar gravata de nylon ou ter um sinal no rosto.

Em missões oficiais, diplomatas teriam apelidado Andrew de “His Buffoon Highness” (“Sua Alteza Bufão”), por gafes com autoridades. 

6. Conflito com o príncipe Harry.

Em 2013, segundo o autor, Andrew teria se envolvido numa briga física com Harry após comentários depreciativos sobre Meghan Markle — “velha demais” e “oportunista”.

Harry teria desferido um soco, deixando o tio com o nariz sangrando.

Segundo a revista People, um porta-voz de Harry negou que o episódio tenha ocorrido, assim como as falas atribuídas a Andrew sobre Meghan.

Lownie afirma ter confirmado o relato com múltiplas fontes.

7. Hábitos e preferências pessoais 

Para impressionar mulheres mais jovens, o príncipe Andrew teria adotado uma dieta de ameixas cozidas no café da manhã, vegetais crus no almoço e sopa no jantar.

De acordo com o livro, ele passaria os dias assistindo vídeos de aviação e lendo thrillers; The Talented Mr. Ripley — sobre um impostor que assume a identidade de um playboy — é apontado como seu favorito.

8. Sarah Ferguson, a gastadora 

A ex-esposa é retratada como presa num ciclo de dívidas, gastos excessivos e acordos comerciais duvidosos.

Apesar do divórcio apenas seis anos após o casamento, os dois ainda vivem juntos na Royal Lodge, dentro dos limites do Castelo de Windsor.

Ferguson é descrita como resiliente e carismática, capaz de circular com desenvoltura em eventos e conquistar os convidados com seu charme.

O livro afirma que ela teria gasto £25.000 (R$ 182,7 mil) em uma hora na loja de departamentos Bloomingdale’s.

9. Finanças e origem de recursos

O livro levanta questões sobre o custeio da Royal Lodge (30 cômodos) e a origem de recursos.

Um repasse de £750 mil (R$ 5,48 milhões) feito pela empresária turca Nebahat Isbilen na conta de Andrew no banco Coutts, foi descrito como presente para o casamento de Beatrice e depois devolvido.

Há também presentes a Sarah Ferguson do multimilionário David Rowland e empréstimos vultosos a Andrew do Banque Havilland (da família Rowland).

Lownie aponta que Rowland acompanhava viagens de Andrew como representante comercial e que o príncipe usava viagens custeadas pelo contribuinte para tratar de negócios próprios.

O autor afirma ainda que haveria dinheiro “claramente da China” e “muito do Oriente Médio” nos cofres do príncipe. 

10. Inteligência estrangeira, “kompromat” e “useful idiot”

A narrativa sugere que informações e material comprometedores sobre Andrew podem ter circulado entre serviços de inteligência estrangeiros (como Mossad e agências sauditas e líbias), dada a exploração de sua proximidade por Epstein e a coleta de dados sensíveis.

Segundo o The Times, Lownie escreve que “Epstein usou Andrew”: o príncipe seria um ‘useful idiot’ (idiota útil) que lhe dava respeitabilidade e acesso a líderes políticos e oportunidades de negócio. 

Repercussões do livro sobre o príncipe Andrew

Ao longo da obra, Andrew é caracterizado de forma consistente como “arrogante” e “obcecado por sexo”, financeiramente imprudente e em negação sobre os vínculos com Epstein — descrição recorrente nos relatos reunidos por Lownie.

Especialistas em assuntos da realeza ouvidos pela imprensa britânica como Pauline Maclaran e Ed Owens afirmam que o livro torna impossível qualquer retorno de Andrew à vida pública.

“Este livro sela seu destino”, diz Maclaran. “É como colocar sua reputação dentro de botas de concreto e jogá-la no rio”, escreveu um crítico do Telegraph.

Owens acrescenta que, mesmo quase seis anos após a entrevista desastrosa à BBC, em que tentou explicar a relação com Epstein e negar encontros com mulheres menores de idade, Andrew continua aparecendo nas manchetes “pelos motivos errados”.

Impacto sobre a monarquia 

Com o rei Charles III enfrentando problemas de saúde e já em idade mais avançada, os rumores são de que o príncipe William, ao assumir o trono, retire oficialmente os títulos de Andrew, incluindo o da Ordem da Jarreteira. 

A monarquia, segundo comentaristas, não pode mais ignorar o impacto reputacional do duque de York, e William é tido como o mais crítico sobre a proximidade com ele. 

The Rise and Fall of the House of York (“A Ascensão e Queda da Casa de York”) já figura entre os mais vendidos em pré-venda e é apresentado como um divisor de águas na história da família real britânica.