Diante dos recorrentes ataques a jornalistas ocorridos na América Latina, a Rede Global de Jornalismo Investigativo (GIJN em sua sigla em inglês) promove no dia 22 de fevereiro o webinar gratuito Jornalistas Sob Ataque.
O encontro é aberto a qualquer pessoa interessada em saber mais sobre o assunto, que afeta não apenas os profissionais de imprensa mas toda a sociedade, muitas vezes privada de receber informações confiáveis devido a pressões e autocensura dos jornalistas sob ameaça.
Os três convidados são Marcela Turatti, Christopher Acosta e José Luiz Sanz, profissionais que atuam na linha de frente do jornalismo investigativo da América Latina, região que tem se mostrado especialmente perigosa para a profissão. Eles falarão em espanhol.
Ataques a jornalistas seguem fazendo vítimas
Dos nove jornalistas assassinados no mundo em janeiro, sete perderam a vida na América Latina, dos quais quatro no México. Nos primeiros dias de fevereiro, mais um profissional de imprensa foi vítima de crime no país.
E o Brasil também entrou para a lista, com o assassinato do jornalista Givanildo Oliveira, morto em 7 de fevereiro a tiros em Fortaleza.
O caso tomou dimensão internacional. A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, emitiu uma nota oficial cobrando das autoridades a investigação sobre o crime, classificado por ela como um ataque à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.
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Riscos para jornalistas investigativos
Os convidados do webinar abordarão suas batalhas legais, como foram rastreados com spyware intrusivo e como lidaram com ameaças de morte, bem como o que têm feito para garantir sua segurança e continuar com o trabalho.
O GIJN chama a atenção para os riscos do jornalismo investigativo diante de reações de autocratas, oligarcas e cleptocratas.
“Repórteres que exercem vigilância estão sob fogo em quase todos os lugares, sofrendo níveis sem precedentes de assédio, espionagem, perseguição legal e abuso físico.
No entanto eles não estão recuando, continuando a responsabilizar os poderosos, enquanto trabalham colaborativamente para expor os que estão por trás desses ataques.
Christopher Acosta, processado e condenado no Peru
Um dos palestrantes do webinar é o jornalista investigativo peruano Christopher Acosta. Suas reportagens revelaram corrupção, fraude financeira e crime organizado no país.
Costa foi condenado no início do mês por difamação criminal devido ao livro “Plata como cancha: Secretos, impunidad y fortuna de César Acuña”, publicado pela editora Penguin Random House Peru.
A obra denuncia atividades do político César Acuña, que já concorreu à presidência do país.
O jornalista foi processado juntamente com Jerônimo Pimentel , o editor da Penguin Random House.
O caso causou consternação internacional e chamou atenção para o ataque a jornalistas por meio de processos judiciais como forma de silenciá-los.
Embora a sentença de dois anos tenha sido suspensa, a pesada multa no valor de 400.000 sóis (US$ 102.608) não foi.
O GIJN considera o caso uma ameaça direta à liberdade de expressão que faz parte de uma “tendência global preocupante”.
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Jornalismo investigativo em El Salvador
Outro participante do encontro promovido pelo GIJN será José Luis Sanz, diretor do jornal digital El Faro, em El Salvador.
Sanz é membro fundador da Sala Negra, uma equipe de investigação do El Faro especializada em crime organizado e violência na América Central.
Seu trabalho foi publicado em coleções de ensaios como “Jonathan no tiene tatuajes”, lançado em 2009, “Crónicas Negras. Desde una región que no cuent”, de 2013 e “TerrorZones: Gewalt und Gegenwehr in Lateinamerika”, de 2015.
Reportagem independente no México
A terceira participante do webinar é a jornalista independente mexicana Marcela Turatti. Ela trabalha no país que se tornou o mais perigoso do mundo para a imprensa, e que começou o ano com uma assustadora conta de cinco assassinatos em menos de dois meses.
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Em 2007, Marcela co-fundou “Periodistas de a Pie”, uma organização que promove investigações sobre abusos de direitos humanos. humanos.
A jornalista também já trabalhou em vários projetos de investigação desde 2014. Um deles apurou o desaparecimento de 43 estudantes em Ayotzinapa e o papel desempenhado pelos militares no crime.
Em 2016, ela cofundou o Quinto Elemento Lab, um veículo de notícias investigativas que também orienta jornalistas.
A medição do webinar caberá a Silvia Viñas, produtora executiva e co-apresentadora do El Hilo, podcast semanal de notícias narrativas da Radio Ambulante Studios.
As inscrições são online e podem ser feitas aqui. O evento começa às 12h (horário de Brasília/GMT -5:00)
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