Os atentados cada vez mais frequentes contra a liberdade de imprensa na América Latina são o tema de uma conferência que começa nesta terça-feira (19) pela Associação Interamericana de Imprensa (SIP; na sigla em inglês), sediada em Miami.
O encontro é aberto ao público e será transmitido pela internet a partir de 10h, horário de Miami (11h no Brasil).
Entre os participantes dos três dias de conferência estão o presidente da Associação Nacional de Jornais do Brasil, Marcelo Rech, e o Diretor-Executivo da entidade, Ricardo Pedreira.
Liberdade de imprensa na América Latina ameaçada
A situação da liberdade de imprensa na América Latina havia se deteriorado no ano passado e agravou-se mais ainda este ano, com o aumento de crimes e perseguições a jornalistas e veículos críticos a governos ou a grupos criminosos.
Durante o encontro, a Comissão para a Liberdade de Imprensa e Informação da SIP analisará os ataques sofridos por jornalistas e os ataques à mídia em todos os países da região nos últimos seis meses.
Dos 28 assassinatos de jornalistas ou mortes de profissionais de mídia a serviço no primeiro trimestre de 2022, 14 aconteceram na na América Latina.
O México continua sendo o país mais perigoso do mundo para a mídia, com 8 assassinatos de janeiro a março. No Brasil houve um crime fatal, vitimando o jornalista cearense Givanildo Barbosa.
Outro país em que a mídia independente e crítica ao governo tem sido sufocada é a Nicarágua, onde diversos profissionais foram condenados, presos ou tiveram que se exilar.
Parentes de jornalistas encarcerados ou que fugiram do país darão depoimentos na conferência da SIP.
A entidade aprovará uma declaração especial e um plano de ação para o país governado por Daniel Ortega, que já teve a adesão de mais de 25 organizações de imprensa nacionais e internacionais.
Como a pandemia afetou a imprensa na América Latina
Além de discutir as ameaças e violações da liberdade de imprensa, a conferência da SIP debaterá também os efeitos da pandemia do coronavírus sobre o jornalismo.
Soluções para a sustentabilidade da indústria de mídia no Canadá, Estados Unidos, Brasil e países da Europa serão apresentadas no encontro.
Para participar, basta fazer o registro neste link.
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Escalada de atentados à liberdade de imprensa na América Latina
Orlando Villanueva, proprietário e repórter do Noticias del Puerto, um site e página do Facebook que informa sobre notícias e política local em Puerto Barrios, na Guatemala, foi o 14º profissional de imprensa assasinado na América Latina este ano. Ele perdeu a vida no dia 8 de março.
Mais jornalistas morreram até agora na região do que na guerra na Ucrânia, onde ocorreram sete fatalidades.
A maioria dos casos deste ano (8) foi registrada no México, país que vive uma vertiginosa escalada de violência contra comunicadores.
No Brasil, o assassinato de um jornalista aconteceu em condições semelhantes a outros episódios, vitimando profissionais da mídia local e não de grandes organizações.
Givanildo Oliveira mantinha um site de notícias na periferia de Fortaleza e foi morto a tiros quando caminhava na rua, em um crime que chegou a motivar uma manifestação oficial da Unesco cobrando apuração.
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Outros dois países da América Latina contabilizam crimes contra a imprensa em 2022: Haiti e Honduras.
No Haiti, três profissionais foram vítimas de ataques fatais, supostamente praticados por quadrilhas criminosas investigadas e denunciadas em reportagens.
Os atentados à liberdade de imprensa na América Latina envolvem também ameaças destinadas a silenciar a mídia, usando diferentes meios de assédio e intimidação.
Em março, uma conhecida jornalista da TV colombiana, Cecilia Orozco, foi perseguida por um carro funerário quando deixou o trabalho, mesmo contando com escolta de segurança.
O condutor do carro funerário não transportava nenhum corpo nem caixão, e nem soube informar à polícia detalhes sobre o suposto trabalho que executava.
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