Londres – A guerra da Ucrânia, que entrou em seu nono mês, deixou de ser destaque no noticiário de jornais e TVs como nas primeiras semanas, mas as cenas pungentes do sofrimento da população continuam sendo imortalizadas em fotos que mostram a realidade dos mais afetados pelo conflito.
Dois ensaios retratando o drama os ucranianos após a invasão da Rússia acabam de ser premiados no concurso ND Awards 2022, promovido pela revista americana de fotografia ND.
O espanhol Alejandro Martinez Velez, eleito Fotógrafo do Ano do concurso, documentou vários momentos do sofrimento do povo do país e também conquistou a medalha de ouro na categoria Editorial.
O português Omar Marques ficou com o segundo lugar na mesma categoria, com uma série sobre os refugiados que tiveram que escapar para a Polônia.
No mesmo concurso, o brasileiro Daniel Taveira ficou com a terceira colocação na categoria Editorial – Meio Ambiente, com um ensaio sobre os impactos causados pela mudança climática na Amazônia.
O primeiro lugar em Meio Ambiente coube a um profissional ucraniano, que registrou outro drama que não é o da guerra: o dos plásticos no fundo do mar.
Conheça os trabalhos premiados.
Os efeitos da guerra da Ucrânia retratados em fotos dramáticas
Fotógrafo do Ano – Alejandro Martinez Velez, Espanha
Alejandro Martinez Velez é um fotojornalista freelancer da Agência Anadolu e da Agência de Imprensa Europa que vive em Madri.
Seu trabalho se concentra especialmente em conflitos sociais, direitos humanos ou questões políticas. Ele vem se dedicando a documentar o êxodo de centenas de milhares de pessoas para a Europa.
As fotos da série ‘Desolação’ retratam o sofrimento das pessoas comuns atingidas pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
A tensão crescente entre os dois países explodiu na manhã de 24 de fevereiro de 2022, após quase oito anos de guerra na região de Donbas, com a entrada do Exército russo no território ucraniano.
Esta nova fase do conflito fez com que milhões de vidas fossem abreviadas e causou a devastação de várias partes do país.
Os bombardeios e o avanço de tropas terrestres causaram mais de 5,5 mil mortos e quase 8 mil feridos, segundo dados das Nações Unidas de agosto de 2022.
O número de baixas militares que participam de ambos os lados não pode ser estimado com precisão.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), pelo menos 6,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia e o número de deslocados internos sobe para 8 milhões.
Omar Marques, Portugal
O trabalho selecionado pelos jurados como o segundo colocado, “Invasão russa da Ucrânia traz milhões para a Polônia”, mostra a saga dos refugiados durante o conflito.
Omar Marques é um fotojornalista freelancer português que mora na cidade polonesa de Cracóvia.
Ele trabalha como freelancer para as agências Getty Images e Anadolu, e colabora com publicações diversas em coberturas jornalísticas na Europa Central e nos Bálcãs.
Conhecendo a vida na Polônia, ele capturou em suas fotos as dificuldades enfrentadas pelos que buscam refúgio no país vizinho por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
A invasão resultou em ataques nas principais cidades e nas regiões orientais mantidas por rebeldes apoiados pelos russos.
Nos meses seguintes, milhões de refugiados chegaram à Polônia. Até julho de 2022, mais de 3,5 milhões já tinham se alojado no país.
Eles sobrevivem como podem ao frio e à falta de recursos, impedidos de voltar para suas cidades e para as vidas que deixaram para trás.
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Fotógrafo brasileiro fica com a terceira colocação em Meio Ambiente
A categoria Editorial do prêmio de fotografia ND Awards tem várias sub-categorias.
Uma delas é Meio Ambiente, na qual o fotógrafo brasileiro radicado no México Daniel Taveira ficou em terceiro lugar, com a série ‘Antropogênico’.
E o primeiro lugar em Meio Ambiente coube a um ucraniano, Alexej Sachov, que retratou o mundo subaquático em sofrimento.
Sachov mostrou outro tipo de devastação que não é a guerra de armas vivida em seu país, mas sim o descaso do seres humanos com a natureza.
Intitulado “Novo universo subaquático”, o conjunto de fotografias retrata “como os seres humanos substituem as espécies ameaçadas por outras mais avançadas — as espécies feitas de plástico agora estão governando o mundo subaquático”, diz.
As imagens foram divulgadas pelo organização do prêmio de fotografia ND Awards 2022.
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