Londres – O ex-âncora da BBC Huw Edwards, uma celebridade da mídia britânica que narrou eventos históricos como o funeral da rainha Elizabeth II, foi indiciado nesta segunda-feira (29) pela Polícia Metropolitana de Londres por compartilhar fotos indecentes de crianças, e terá que comparecer ao tribunal na quarta-feira (31).
O escândalo envolvendo Edwards, de 62 anos, explodiu em julho de 2023, com a denúncia feita pelo jornal The Sun de que ele teria pago para receber fotos de uma pessoa menor de idade, segundo a família, e que o dinheiro estaria alimentando o vício em drogas.
Ele ficou de licença médica e em abril deixou a BBC, mas ainda assim foi o primeiro da lista dos âncoras mais bem pagos da emissora em 2023, conforme relatório divulgado na semana passada.
Ex-âncora da BBC responde a três acusações por fotos de crianças
Segundo a nota da Polícia Metropolitana, ele responde agora a três acusações por compartilhar fotos de crianças, mas não há indicações de que trata-se da mesma pessoa menor de idade relacionada à denúncia inicial que o derrubou do cargo.
“Os crimes teriam ocorrido entre dezembro de 2020 e abril de 2022, estão relacionados a 37 imagens compartilhadas em um chat do WhatsApp”, disse a Polícia, acrescentando que ele chegou a ser preso em 8 de novembro de 2023 e libertado sob fiança.
O jornalista foi indiciado no dia 26 de junho, mas apenas hoje a notícia da prisão e do indiciamento foi divulgada pela Polícia Metropolitana.
Huw Edwards é acusado de ter seis imagens de categoria A, 12 fotos de categoria B e 19 fotos de categoria C no WhatsApp, infringindo a Lei de Proteção à Criança de 1978.
Se for considerado culpado, ele poderá receber uma pena máxima de seis meses de prisão e multa.
Entenda o caso do ex-apresentador da BBC
Edwards era um dos âncoras mais importantes da BBC e recebia um salário anual de £ 435 mil (R$ 2,7 milhões). Ele ancorava o noticiário noturno, BBC News at Ten, e grandes acontecimentos nacionais.
A história das fotos que derrubou o apresentador foi revelada pelo jornal The Sun há um ano e desde o início esteve envolta em contradições.
Inicialmente o nome do âncora envolvido não foi informado pelo tabloide, o que deu origem a uma série de especulações, com outros jornalistas acusados tendo que se defender.
Segundo o jornal, Edwards teria pago pelas fotos durante três anos. No entanto, na época não havia confirmação, pelo menos pública, de que as fotos teriam sido enviadas quando a pessoa era menor de idade, nem as circunstâncias em que isso teria ocorrido.
O advogado da suposta vítima negou as acusações feitas pela mãe, afirmando que não houve nada ilegal. E a polícia não abriu uma investigação formal depois de um encontro com a BBC para tomar conhecimento dos fatos, por não haver naquele momento indício de crime.
Tão logo o nome de Huw Edwards foi divulgado como a pessoa envolvida no caso das fotos, a mulher dele, Vicky Flind, disse em um comunicado que ele estava sob sério abalo emocional e hospitalizado, sem previsão de aparecer em público, e pediu privacidade para a família.
Huw está sofrendo de sérios problemas de saúde mental. Como bem documentado, ele foi tratado para depressão grave nos últimos anos.
Após a história se tornar pública, a BBC suspendeu Edwards e disse que “leva qualquer alegação a sério” e tem “processos internos robustos para lidar proativamente com tais alegações”.
Mas a rede foi questionada por sua condução do caso, já que tomou conhecimento dos fatos em maio e o apresentador continuou no ar, e por ter pago o salário integral dele até o desligamento, em abril deste ano.
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