Nove organizações internacionais se uniram em um manifesto para exigir a libertação “imediata e incondicional” do jornalista guatemalteco José Rubén Zamora, de 67 anos, que se tornou um símbolo de coragem na luta contra corrupção e crimes na Guatemala, passando a enfrentar um calvário judicial.

Fundador do extinto jornal elPeriódico, Zamora foi preso em julho de 2022 e é acusado de lavagem de dinheiro e obstrução da justiça, acusações amplamente condenadas como sendo politicamente motivadas. Sua defesa refuta todas as acusações.

Embora tenha obtido autorização para prisão domiciliar em 18 de outubro de 2024, por decisão do juiz Erick García, essa medida foi revogada em 4 de março de 2025. Em 10 de março, o mesmo juiz determinou o retorno de Zamora à prisão.

Libertação do jornalista alvo de processo arbitrário

Zamora está envolvido em dois processos judiciais, enfrentando três acusações. Em 29 de julho de 2022, foi detido sob a acusação de ocultar a origem de Q300 mil (aproximadamente US$ 7.000), embora tenha apresentado provas de que a quantia se referia à compra e venda de uma obra de arte.

Além disso, ele é acusado de obstrução à justiça e falsificação de documentos migratórios, alegações que sua defesa nega, conforme informado no comunicado.

As organizações signatárias do manifesto são: Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), Free Press Unlimited, Fundamedios, ARTICLE 19, Sociedad Interamericana de Imprensa (SIP), Freedom House, Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Protection International Mesoamérica e Fundación para la Libertad de Prensa (FLIP).

Em seu comunicado, elas expressam profunda preocupação com a volta de Zamora à cadeia, descrevendo o processo como arbitrário e uma clara violação do devido processo legal, com forte motivação política.

As entidades alertam que esta decisão intensifica a criminalização de Zamora e ameaça a liberdade de expressão na Guatemala.

Revogação de Prisão Domiciliar Agrava a Situação do Jornalista

Em julho de 2024, o Grupo de Trabalho sobre a Detenção Arbitrária das Nações Unidas declarou que a prisão contínua de Zamora é arbitrária e infringe o direito internacional.

Além disso, um relatório da organização TrialWatch apontou graves violações ao devido processo no julgamento contra o jornalista, incluindo atrasos injustificados e assédio a seus advogados, concluindo que o julgamento configura uma provável represália por seu trabalho de jornalismo investigativo.

As nove organizações exigem o fim imediato da perseguição judicial contra José Rubén Zamora e a anulação dos processos contra ele, apontando irregularidades e motivações políticas.

Elas instam as autoridades guatemaltecas a garantir que o jornalista tenha direito a um julgamento justo e imparcial, livre de ingerências ou pressões externas.

Por fim, pedem que a comunidade internacional intensifique o monitoramento da situação da imprensa na Guatemala e exija garantias para a prática jornalística sem represálias.