© Conteúdo protegido por direitos autorais

Liberdade de imprensa

Tribunal mantém condenação de jornalista chinês a 7 anos de prisão por se encontrar com diplomata japonês

Dong Yuyu foi acusado de espionagem e seu recurso foi negado sem explicações

Dong Yuyu jornalista chinês condenado por espionagem

Dong Yuyu foi acusado de espionagem por almoçar com diplomata japonês. Foto: Arquivo pessoal



A prisão do jornalista Dong Yuyu vem sendo considerada emblemática da falta de liberdade de imprensa na China, e a confirmação da condenação após recurso ser negado provocou protestos.


O jornalista chinês Dong Yuyu teve nesta quinta-feira (13) sua pena de sete anos de prisão confirmada por um tribunal de Pequim. Ele é acusado de espionagem.

Yuyu já havia sido julgado anteriormente. Agora, seu recurso foi rejeitado e a condenação de sete anos foi mantida. A corte, porém, não explicou porque rejeitou a apelação, segundo o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).

Dong é um experiente editor e colunista. Ele foi preso em fevereiro de 2022, quando trabalhava no jornal estatal Guangming Daily, durante um almoço com um diplomata japonês em Pequim.

O jornalista foi condenado por espionagem pela primeira vez em novembro de 2024. No mês seguinte, ele recorreu da decisão.

O julgamento do recurso foi adiado três vezes até finalmente ser analisado nesta quinta. Dong ficou preso durante todo este tempo e sua família não pôde visitá-lo.

Ainda que a China seja um país com notória falta de liberdade de imprensa e onde a prisão de jornalistas não é incomum, a detenção de Dong Yuyu chamou atenção pelas circunstâncias em que aconteceu e o caso tornou-se emblemático da repressão no país.

Família protesta contra “ato de perseguição”

A família do jornalista considera a condenação como um “ato vergonhoso de perseguição”. Em um comunicado publicado no Substack, os familiares de Dong Yuyu pedem apoio e pressão internacional para reverter a prisão, que já transitou em julgado no sistema chinês.

“Somente desconsiderando completamente a lógica e a razão é que um tribunal pode chegar a uma decisão desse tipo”, escreveram sobre  decisão.

A família acusa o governo de chinês de abuso de poder e argumenta que a decisão judicial é uma manifestação da repressão do Estado.

“A sentença de sete anos de Yuyu reflete um abuso de poder chocante por parte da segurança do Estado chinês (SS), ameaça todos os estrangeiros que interagem com cidadãos chineses, silencia todos os cidadãos chineses de pensamento livre e abertos à interação com o mundo, inibe intencionalmente o intercâmbio entre os povos e prejudica a diplomacia e a imagem internacional da China.”

CPJ pede libertação imediata do jornalista

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) pediu a libertação imediata do jornalista. A organização se manifestou por meio de um comunicado publicado logo após a decisão de manutenção da prisão de Dong Yuyu.

“Esta é uma decisão inconcebível. A sentença de hoje demonstra que a China está determinada a negar a Dong Yuyu a justiça que ele merece”, disse Beh Lih Yi, diretor do CPJ para a região Ásia-Pacífico.

“Conversar com diplomatas é trabalho rotineiro para jornalistas, não espionagem. A China deve libertar Dong imediatamente, ou estará enviando uma mensagem ao mundo de que seu objetivo declarado de diálogo aberto não passa de conversa fiada.”

A organização escreveu na terça-feira (11) ao ministro das Relações Exteriores da China Wang Yi pedindo a liberação do jornalista. A autoridade não retornou ao apelo.

O CPJ também informou que homenagerá Dong Yuyu no final deste mês com o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa.

error: O conteúdo é protegido.