As práticas de comunicação corporativa mudaram depois das redes sociais, que adicionaram novas possibilidades de contato entre assessores e jornalistas e facilitaram o acesso a informações das empresas. Mas as mudanças não foram necessariamente para melhor.
É o que mostra a edição de 2021 da pesquisa anual State of Journalism, realizada pela plataforma global Muck Rack, dedicada a conectar profissionais da mídia e da comunicação corporativa e das agências que fazem assessoria de imprensa.
Foram ouvidos 2.482 mil jornalistas entre 11 de janeiro e 8 de fevereiro em vários países, com amosta composta por empregados full-time na profissão (63%), freelances (20%), jornalistas part-time, que complementam a renda com outro emprego (15%) e aposentados ou desempregados (2%). A maioria está baseada nos Estados Unidos (68%).
Seis em cada dez deles acham que está ultrapassada a forma como as empresas compartilham informações com a imprensa. O valor da comunicação corporativa é reconhecido por quase 60% dos entrevistados, mas eles não consideram a relação exatamente “uma parceria”.
As coisas pioraram depois da pandemia, que dificultou as comunicações e reduziu o espaço para pautas corporativas em um noticiário dominado pela crise da Covid-19. Em outro capítulo da pesquisa, a Muck Rack faz um diagnóstico sobre como o coronavírus afetou o trabalho dos profissionais de imprensa. E revela que o Twitter é a rede social preferida das redações.
Mas isso não significa que a rede social seja a forma preferida de receber sugestões de pauta ou follow-up. O bom e velho e-mail continua favorito. A Muck Rack faz uma análise do relacionamento entre jornalistas e comunicação corporativa, examinando em detalhes a percepção em relação à forma como as empresas e agências sugerem pautas, abordam profissionais de redação e utilizam as mídias sociais das empreas como fonte de informação.
Parceria ou mal necessário?
Nem uma coisa, nem outra. Seis em cada dez dos entrevistados consideram que o relacionamento com os profissionais de comunicação corporativa traz benefícios mútuos, sem chegar a ser uma parceria.
Mas um terço deles identifica um antagonismo, que vai do mal necessário a “uma coisa não necessariamente ruim”. E para 17% é um mal necessário.
Sugestões de pautas bem-vindas
Só dois em cada dez dos entrevistados disseram que não aproveitam nada das sugestões de pauta recebidas da comunicação corporativa. A grande maioria aproveita parcialmente as sugestões recebidas, mas só dois em cada dez aproveitam mais da metade do conteúdo recebido.
Pandemia não diminuiu interesse por sugestões
Também só dois em cada dez dos entrevistados disseram estar menos propensos a aproveitar as pautas sugeridas do que há um ano atrás. Em compensação, o mesmo percentual revelou ter mais propensão a aceitar.
Segunda é o melhor dia
Oito em cada dez jornalistas preferem receber as sugestões de pauta da comunicação corporativa no início da semana, com maior predileção pelas segundas-feiras.
Manhã é o melhor período
Sete em cada dez jornalistas preferem receber as sugestões de pauta pela manhã.
E-mail de follow up é aceitável
A maioria dos jornalistas considera aceitável o recebimento de um e-mail de follow up, no máximo dois. Mas cuidado: um em cada dez jornalistas não tolera receber qualquer mensagem desse tipo da comunicação corporativa.
Follow up até uma semana depois
Nove em cada dez jornalistas considera aceitável receber um e-mail de follow up até sete dias depois do envio da pauta.
Relevância é fundamental
Mais do que todos os cuidados acima, a relevância da sugestão é primordial. A maioria recebe de 1 a 5 sugestões de pauta por dia. Mas três em cada dez jornalistas recebem mais de 10 por dia – ou mais de 50 por semana. Não é necessário ser matemático para concluir que nem todas podem ser tão relevantes.
A rede social preferida
O Twitter foi apontado como a rede preferida de quem trabalha na imprensa.
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