A Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC) pediu desculpas à atleta austríaca Johanna Farber após uma emissora apresentar um replay de close-up de seu traseiro na cobertura de TV do Campeonato Mundial, em Moscou.

É a segunda vez este ano que a escaladora é sujeita a uma cobertura televisiva “inadequada”. Em junho Farber havia reclamado de outro incidente com imagens como sendo “desrespeitoso e perturbador”.

Episódios de atletas se voltando contra a sexualização de seus corpos marcaram os Jogos Olímpicos deste ano, com a equipe feminina de ginástica da Alemanha trocando roupas cavadas por macacões até os tornozelos.

A IFSC se desculpou após a veiculação de imagens da emissora anfitriã na Rússia, no sábado (18/9). “O IFSC condena a objetificação do corpo humano e tomará outras medidas para proteger os atletas e evitar que isso ocorra.”

O presidente do IFSC, Marco Scolaris, disse: “Quantas vezes as coisas terão que ser feitas de maneira errada, antes de aprendermos como fazê-las da maneira certa?”

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A escalada esportiva fez sua estreia nas Olimpíadas de Tóquio este ano e vem ganhando popularidade, mas as pessoas dentro do esporte estão preocupadas sobre proteger as competidoras do sexo feminino.

A ex-escaladora do Reino Unido e editora-chefe do UK Climbing.com, Natalie Berry, disse à emissora de TV Sky News:

“É muito decepcionante este incidente desrespeitoso acontecer mais uma vez com a mesma atleta, em um momento em que mais olhos estão voltados para o esporte [de escalada] do que nunca antes, e mais mulheres e meninas estão começando a escalar.”

Berry apoia os apelos pela definição de políticas de filmagem para a cobertura de TV em competições de escalada, como é o caso em muitos outros esportes. Veja abaixo um trecho da cobertura do mundial na Rússia:

“Como atleta, a autoconfiança é um fator importante nas competições”, acrescentou Berry. “Embora as intenções dos operadores de câmera e editores possam não ser sexualizar uma atleta e, em vez disso, focar em uma imagem visualmente interessante, no contexto da sexualização das mulheres no esporte ao longo da história, é simplesmente inapropriado.”

“Se os atletas sentem que seus corpos estão sendo apresentados de forma inadequada na tela, isso pode afetar injustamente seu desempenho, bem como sua saúde mental.”

Johanna Farber não quis comentar publicamente o último incidente, mas sua equipe disse que manteve sua declaração em junho, na qual afirmou: “Precisamos parar de sexualizar as mulheres nos esportes e começar a valorizar seu desempenho”.

Ginastas contra a sexualização

Na época das Olimpíadas, a atleta Sarah Voss, de 21 anos, disse que a equipe “está interessada em que a tendência se popularize”, e ficou feliz pelo exemplo dado pela Alemanha nos Jogos. O time já havia usado macacões de corpo inteiro no campeonato europeu em abril.

A saúde mental foi um dos temas mais discutidos na Olimpíada de Tóquio, principalmente após a ginasta americana Simone Biles desistir de competições alegando que precisava se preservar. “Tem dias que todo mundo tuíta sobre você, fazendo sentir o peso do mundo”, afirmou a ginasta campeã olímpica.

A tenista Naomi Osaka, atual número 8 do mundo, representou o Japão nos Jogos e chegou a ter a legitimidade como “japonesa o suficiente” questionada, uma vez que tem também sangue americano-haitiano.

O impacto da exposição sobre o desempenho dos atletas influenciou inclusive o Comitê Olímpicos Internacional (COI) a ajustar o slogan dos Jogos. Até a Rio-2016, o lema da competição era Faster, Higher, Stronger (Mais rápido, mais alto, mais forte), cunhado em 1896.

Em 2021, os membros do COI aprovaram por unanimidade a adição da palavra together (juntos).