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Vila Sésamo ganha moradora de origem coreana para combater preconceito contra asiáticos depois da Covid

Ji-Young com a galera da Vila Sésamo

Um dos programas infantis mais antigos da televisão americana, a Vila Sésamo, aumenta seu engajamento em causas sociais com uma nova personagem criada para debater o preconceito contra asiáticos que avançou nos Estados Unidos depois da Covid-19. 

Ji-Young,  uma menina coreana-americana de sete anos, é mais um passo da indústria de entretenimento  para se aproximar da comunidade asiática e ajudar a neutralizar a onda de violência. 

Ela vai aparecer no programa pela primeira vez no especial  See Us Coming Together (Veja-nos juntos, em tradução livre), que irá ao ar no Dia de Ação de Graças (25/11).

Garibaldo e Ji-Young : a Vila Sésamo no Twitter 

A chegada da pequena Ji-Young foi anunciada uma semana depois de o programa ter utilizado o Garibaldo, um dos principais personagens da Vila Sésamo, para apoiar a vacinação infantil contra o coronavírus.

O “Big Bird” anunciou no Twitter ter se vacinado contra a Covid-19.  Conservadores americanos reclamaram, alegando que era propaganda política infantil, mas o público adorou.

O grande pássaro Big Bird Garibaldo

Um vídeo de 1972 em que ele tomava vacina infantil viralizou nas redes. 

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Ji-Young também foi apresentada no perfil oficial da Vila Sésamo no Twitter:

“Temos o orgulho de anunciar #SeeUsComingTogether, um especial repleto de estrelas que celebra as identidades asiáticas e das ilhas do Pacífico e o poder da comunidade!

Junte-se a nós neste Dia de Ação de Graças enquanto a turma dá as boas-vindas à mais nova moradora da Vila Sésamo, Ji-Young, uma garota coreana-americana de 7 anos de idade!”

Preconceito contra asiáticos 

O programa Vila Sésamo existe desde 1969 e usa uma mistura de fantoches, animação e ação para ensinar às crianças pequenas lições de gramática e matemática básicas, bem como cores, dias da semana e outros aspectos da vida social, adaptados para o mundo infantil.

A escolha da aceitação dos asiáticos como nova causa está alinhada a movimentos culturais americanos que tentam reagir a uma onda de discriminação que atinge os povos asiáticos residentes no país, com registro de violência e até assassinatos. 

Uma das ações foi a campanha “Eu Ainda Acredito em Nossa Cidade”, lançada em setembro pela Comissão de Direitos Humanos de Nova York, que exibiu obras da artista Amanda Phingbodhipakkiya em locais públicos de Nova York na tentativa de chamar atenção para essa questão.

Os cartazes em cores vivas destacando pessoas de origem asiática foram instalados em pontos de ônibus, estações de metrô e conhecidos edifícios da cidade.

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Imagem: Vídeo divulgação ONU

O Dia de Ação de Graças 

O especial da Vila Sésamo em que Ji-Young vai estrear poderá ser visto em diversas plataformas, como o Cartoonito na HBO Max, PBS KIDS e canais do YouTube, Facebook e Instagram da Vila Sésamo.

O Dia de Ação de Graças é uma das datas mais célebres dos EUA, e os americanos dão grande importância ela. Eles prestam gratidão por tudo que aconteceu no ano que se passou.

O roteiro do especial prevê que os amigos da Vila Sésamo vão comemorar o “Dia do Vizinho” com a nova amiga Ji-Young. A garota também assumirá os vocais de uma canção (também chamada de See Us Coming Together), em uma história que promete ser envolvente e que incentiva a empatia e a aceitação.

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Xenofobia e Ji-Young 

O programa promete  abordar questões práticas e nada fáceis, como uma situação descrita na nota oficial: uma cena em um incidente fora da tela, em que outra criança diz a Ji-Young para “ir para casa”, frase comum usada em discussões de racismo e xenofobia.

Integrante de longa data do núcleo de produção da Vila Sésamo e codiretor de See Us Coming Together, Alan Muraoka, afirma que mal pode esperar para que todos possam assistir.

“É uma coisa poderosa quando as crianças veem pessoas como elas representadas na tela e nas histórias – isso as ajuda a descobrir quem são e quem eles querem ser ”, disse ele.

Diversidade dentro e fora da Vila Sésamo

A diversidade desse especial da Vila Sésamo busca caminhar para além do boneco da Ji-Young. A titereira (mestre de marionetes) Kathleen Kim será a responsável por manipular o boneco da garota.

Ela está desde 2014 no programa da Vila Sésamo, e também faz os bonecos Julia, uma garota autista introduzida em 2017, além da mãe dela, Elena.

Não apenas Kim, mas outros convidados famosos como os atores Simu Liu e Anna Cathcart, o artista de quadrinhos Jim Lee, a chef Melissa King, a personalidade da televisão Padma Lakshmi e a atleta Naomi Osaka também irão participar, compartilhando suas paixões e histórias de vida.

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A vice-presidente executiva de criação e produção, Kay Wilson Stallings, reforça o legado de representação da Vila Sésamo:

“A missão da Vila Sésamo é ajudar as crianças a se tornarem mais inteligentes, fortes e amáveis. Hoje, defendemos essa missão ao capacitar crianças e famílias de todas as raças, etnias e culturas para valorizar suas identidades únicas ”, disse ela.

A vice-presidente executiva Kay Wilson Stellings (Reprodução/Twitter)

Coreia Pop antes de Ji-Young

O sul-coreano Jim Lee, o artista de quadrinhos citado como participante no especial da Vila Sésamo, foi um verdadeiro superstar do mercado de quadrinhos de super-heróis. Seu traço e design ditaram os rumos da indústria, e a popularidade que os X-Men, os heróis mutantes da editora Marvel Comics, conseguiu nos anos 1990, foi graças ao seu desenho.

Os X-Men no traço de Jim Lee. Reprodução/Twitter

Ele saiu, montou outras duas empresas de HQs e hoje é um dos executivos mais poderosos da editora DC Comics, que recentemente promoveu uma revista em que o filho do Superman se revela bissexual. A DC é um braço da Warner Bros, um dos maiores estúdios de cinema do mundo, o que mostra que os gigantes estão de olho nas movimentações que a diversidade promove.

O lucro da indústria cultural

O movimento feito pela Vila Sésamo, associando seus personagens a causas sociais relevantes e sensíveis, não rende apenas simpatia do público. O Fórum Econômico Mundial, organização independente focada na cooperação entre setores públicos e privados, reuniu dados em um estudo sobre a indústria cultural para destacar que abraçar causas é lucrativo.

Uma análise a partir desses estudos internacionais (sendo a maior parte de origem americana), mostra que “a ética e os lucros são as duas faces da mesma moeda”. Ela aponta resultados práticos, como filmes que carecem de representação autêntica e inclusiva apresentarem desempenho inferior em cerca de 20% de seu orçamento na bilheteria do fim de semana de estreia.

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