O uso das redes sociais não parece estar sendo afetado nos Estados Unidos nem pela evolução tecnológica que facilitou o acesso a smartphones e a conexões mais rápidas, nem pelos questionamentos crescentes sobre segurança, desinformação e abuso online nas plataformas. É o que mostra um novo estudo do Pew Research Center, que entrevistou americanos de diferentes faixas etárias entre janeiro e fevereiro deste ano.
A pesquisa revelou que sete em cada dez pessoas no país usam ao menos um tipo de plataforma. A taxa, de 72%, cresceu apenas três pontos percentuais desde 2016.
Entre os jovens, no entanto, a penetração das mídias sociais caiu em relação a 2019, quando a última pesquisa havia sido feita. E a taxa de uso não é uniforme entre os diferentes tipos de plataformas, como compartilhamento de vídeos, serviços de mensagens e redes sociais. Enquanto o YouTube ampliou sua liderança entre os americanos, o Facebook ficou estável nos últimos cinco anos.
Quando o Pew Research Center começou a monitorar o uso das mídias sociais em 2005, 5% dos adultos americanos usavam pelo menos uma dessas plataformas. Em 2011, a participação havia aumentado para metade dos entrevistados. Na pesquisa de 2019, a instituição já havia sinalizado uma estabilidade na base de adeptos das redes sociais.
Jovens saindo das redes?
Contrariando o que muitos costumam tomar como verdade absoluta, o uso de redes declinou entre os mais jovens e cresceu entre os mais velhos, segundo o estudo.
Na faixa entre 18 e 29 anos houve queda de 6 pontos percentuais em dois anos (90% para 84%). Entre os adultos de 30 a 49 anos, o uso permaneceu quase estável (82% para 81%). Nas faixas seguintes, o ganho foi de respectivamente 4 e 5 pontos percentuais.
Os entrevistados com idade de 50 a 64 anos que disseram usar redes sociais passaram de 69% para 73%, e os acima de 65 anos subiram de 40% para 45%.
O comportamento dos usuários também mudou conforme o sexo. De 2014 em diante as mulheres passaram a usar mais as mídias sociais, com uma elevação maior a partir de 2018, tendo crescido 5 pontos percentuais desde então. Segundo a pesquisa, 78% das americanas utilizam as plataformas. Entre os homens o percentual é de 66%, apenas um ponto acima do que era há três anos.
YouTube, a plataforma campeã
O Pew Research Center examinou os hábitos de uso das redes individualmente, consagrando o YouTube como o grande vencedor. Além de ter continuado a figurar como a plataforma mais usada, foi a que mais cresceu. Entre 2018 e 2021, a parcela de americanos que dizem utilizar o YouTube subiu de 73% para 81%.
Na faixa de 18 a 29 anos, a taxa de uso beira a unanimidade na pesquisa de 2021: 95%. Já entre os acima de 65 anos ela cai para 49%. Isso pode refletir a adoção da rede para assistir vídeos e filmes em smartphones ou tablets, comum entre jovens, enquanto os de mais idade permanecem mais fiéis à TV convencional.
Essa tendência foi apontada em outras pesquisas que monitoram uso das redes sociais, inclusive no Brasil. O Digital News Report 2020 do Instituto Reuters revelou que pela primeira vez desde o início do estudo, as mídias sociais ultrapassaram a televisão no país como fonte de notícias.
O Facebook segue como a segunda rede mais usada pelos americanos, com 69%. Porém, segundo o Pew Research Center, o crescimento do aplicativo não aumentou nem diminuiu nos últimos cinco anos. Na última pesquisa sobre o tema, há dois anos, o Facebook também era usado por 69% dos participantes.
Da mesma forma, a quantidade de americanos que usam Instagram, Pinterest, LinkedIn, Snapchat, Twitter e WhatsApp está estatisticamente inalterada desde 2019. O Instagram cresceu um pouco mais nos últimos três anos, ganhando 5 pontos percentuais e chegando a 40%.
A plataforma Reddit ganhou terreno, tendo subido 9 pontos percentuais desde que começou a ser medida pelo estudo, em 2019. Mas sua base é reduzida: apenas 19% dos americanos dizem utilizá-la.
O WhatsApp também ficou praticamente estável em três anos e é usado por apenas 23% dos entrevistados no país. No Brasil, segundo o Digital News Report 2020 do Instituto Reuters, a penetração do serviço é de 83%.
O TikTok, o aplicativo da moda, é usado por 21% dos americanos. E uma novata na pesquisa, a Nextdoor, rede semelhante ao Facebook dedicada a conectar usuários localmente, já faz parte da rotina de 13% dos entrevistados.
O relatório do Pew Research Center não é qualitativo, nem sugere razões para esse comportamento. Mas os resultados podem inferir um efeito das controvérsias envolvendo as redes sociais de compartilhamento como Facebook e Twitter, que se tornaram ainda mais evidentes para os americanos no período eleitoral e após a invasão do Capitólio, em janeiro. As entrevistas que deram origem ao estudo foram feitas após o incidente.
Adultos com menos de 30 anos se destacam pelo uso do Instagram, Snapchat e TikTok
Cerca de 84% dos adultos americanos com idade entre 18 e 29 anos afirmam usar alguma rede social, número semelhante ao de pessoas entre 30 e 49 anos que dizem isso (81%). Cerca de 73% dos participantes na faixa etária de 50 a 64 anos usam redes sociais, enquanto menos da metade das pessoas com 65 anos ou mais (45%) afirmam fazer isso.
A diferença se torna ainda maior ao analisar o uso específico de determinadas plataformas. Enquanto 65% dos adultos de 18 a 29 anos afirmam usar o Snapchat, apenas 2% daqueles com 65 anos ou mais relatam usar o aplicativo, uma diferença de 63 pontos percentuais.
Excluindo-se o YouTube, o Instagram aparece como a rede preferida dos jovens adultos (18 a 29 anos de idade): 71% deles dizem utilizar a plataforma, parcela que cai para 48%, 29% e 13% nas faixas etárias seguintes. No TikTok os acima de 65 estão ainda mais ausentes: apenas 40% disseram usar a rede.
E a rede de vizinhança Nextdoor tem seu uso concentrado na faixa de 30 a 49 anos, o que pode indicar o uso por famílias mais engajadas na vida comunitária.
Diferenças demográficas nos aplicativos
O Pew Research Center examinou também como diferentes grupos demográficos utilizam as redes sociais nos Estados Unidos e encontrou grandes diferenças.
Instagram: Cerca de metade dos hispânicos (52%) e negros americanos (49%) afirmam usar a plataforma, em comparação à porcentagem de brancos americanos (35%) que afirmam o mesmo.
WhatsApp: Os hispano-americanos (46%) são muito mais propensos usar o WhatsApp do que negros (23%) ou brancos americanos (16%). Os hispânicos também se destacaram pelo uso do WhatsApp nas pesquisas anteriores sobre o tema.
LinkedIn: Aqueles com níveis mais altos de educação são mais propensos a usar a rede do que aqueles com menos estudo. Aproximadamente metade dos adultos que têm bacharelado ou diploma avançado (51%) afirmam usar o LinkedIn, em comparação com aqueles que têm alguma experiência universitária (28%) e os que possuem diploma de ensino médio ou menos (10%).
Pinterest: as mulheres são muito mais propensas do que os homens a dizer que usam o Pinterest, com diferença de 30 pontos (46% contra 16%).
Nextdoor: Adultos que vivem em áreas urbanas (17%) ou suburbanas (14%) são mais inclinados a adotar a Nextdoor. Apenas 2% dos americanos rurais relatam usar o aplicativo.
A maioria dos usuários de Facebook, Snapchat e Instagram afirma visitar essas plataformas diariamente
Ainda que não tenha visto sua base de usuários crescer, como aconteceu com o YouTube, o Facebook continua contando com alta frequência de uso entre os que o adotam. Sete em cada dez usuários dizem que usam o aplicativo diariamente, incluindo 49% que afirmam utilizá-lo várias vezes ao dia. Esses números estão estatisticamente inalterados em relação aos relatados na pesquisa de 2019.
Já o YouTube não desfruta da mesma regularidade entre os americanos. Apesar de ser o mais utilizado, pouco mais da metade visita a plataforma pelo menos uma vez por dia. Instagram e Snapchat têm frequência diária um pouco maior.
Entre os jovens o comportamento muda. Cerca de 71% dos usuários do Snapchat com idades entre 18 e 29 anos dizem que usam o aplicativo diariamente, incluindo seis em cada dez que dizem fazer isso várias vezes ao dia.
O padrão é semelhante para o Instagram: 73% dos usuários do aplicativo de 18 a 29 anos dizem que visitam a rede todos os dias, com cerca de metade (53%) deles relatando que o fazem várias vezes por dia. O Twitter é usado com menos frequência: menos da metade de seus usuários (46%) visitam o site diariamente.
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Muito bom mesmo, para uma atualização global inteligente e apartidária! Obrigada!