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Streamer francês morre durante live de desafio extremo na plataforma Kick; polícia abre investigação criminal

Jean Pormanove era conhecido por transmissões envolvendo cenas humilhantes e de risco físico

Streamer Jean Pormonove de camisa preta e fundo verde antes da morte em uma live na França

Jean Pormonove transmitia cenas violentas e humilhantes na plataforma Kick (foto: perfi X)



  • O que aconteceu: Streamer francês morre em live na plataforma Kick, após ser submetido a desafios extremos e humilhações por outros criadores de conteúdo.
  • Polícia francesa abriu investigação criminal, apreendeu equipamentos e ordenou autópsia; autoridades e a plataforma Kick reagiram com medidas imediatas e críticas públicas.

As autoridades francesas anunciaram a abertura de um inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de Raphaël Graven, conhecido online como Jean Pormanove, um streamer de 46 anos que morreu durante uma transmissão ao vivo na plataforma Kick.

O caso, que ocorreu na pequena aldeia de Contes, ao norte de Nice, na segunda-feira (18), provocou indignação nacional e reacendeu o debate sobre os limites da exposição digital e a responsabilidade das plataformas de streaming e das redes sociais.

Um personagem controverso

Jean Pormanove era um dos streamers mais conhecidos da França, com mais de meio milhão de seguidores em plataformas como TikTok, YouTube, Twitch e Kick.

Sua fama veio não apenas por transmissões de jogos como GTA V e FIFA, mas principalmente por um tipo de conteúdo extremo: desafios violentos, humilhações públicas e situações de risco físico, muitas vezes transmitidos ao vivo para milhares de espectadores.

Ele era frequentemente submetido a sessões de privação de sono, ingestão de substâncias tóxicas, agressões físicas e atos de humilhação por outros streamers.

Em alguns vídeos, ele aparecia sendo estrangulado, atingido por armas de paintball ou forçado a realizar tarefas degradantes.

A estética das transmissões lembrava um “reality show da crueldade”, com a audiência incentivando os abusos por meio de comentários e doações.

A live fatal do streamer francês

Na noite de 18 de agosto, Jean Pormanove foi encontrado morto em seu quarto, onde realizava as transmissões.

O vídeo, amplamente compartilhado nas redes sociais, mostra o streamer deitado sob um cobertor, aparentemente inconsciente, enquanto um dos homens presentes joga uma garrafa de água em sua direção.

Pouco antes de sua morte, ele teria tido dificuldades respiratórias. Um doador alertou um dos participantes, “Naruto” Cenazandotti, observando que Pormanove parecia estar em uma situação crítica e não apresentava mais sinais de vida. A transmissão foi encerrada pouco depois, mas o conteúdo já havia se espalhado.

No mesmo dia, Naruto anunciou em um post no Instagram a morte de “JP (…) meu irmão, meu companheiro, meu parceiro”, pedindo : “não compartilhe o vídeo de seu último suspiro”.

No dia seguinte, o Ministério Público de Nice confirmou que uma investigação judicial foi aberta para determinar a causa da morte. O corpo de Graven será submetido a uma autópsia, e os equipamentos utilizados nas transmissões foram apreendidos.

A polícia local já investigava o canal há oito meses, após denúncias de “atos de violência deliberada contra pessoas vulneráveis”.

Em janeiro de 2025, o Ministério Público de Nice abriu uma investigação sobre vários streamers próximos a Pormanove, Owen “Naruto” Cenazandotti e Safine Hamadi, por suspeita de violência deliberada em reuniões com pessoas vulneráveis, perigo e disseminação de imagens violentas.

Reações oficiais e pressão sobre plataformas de streaming

A ministra francesa dos Assuntos Digitais, Clara Chappaz, classificou o caso como um “horror absoluto” e criticou duramente a plataforma Kick, acusando-a de permitir a humilhação sistemática de um criador de conteúdo. Ela acionou o regulador de mídia francês Arcom e o sistema policial Pharos, que monitora crimes digitais.

A plataforma Kick, por sua vez, anunciou o banimento dos streamers envolvidos e afirmou estar cooperando com as autoridades. A empresa também encerrou seu contrato com a agência de mídia social que gerenciava suas operações na França, de acordo com jornais franceses