O presidente Donald Trump surpreendeu ao mencionar Rupert Murdoch e seu filho Lachlan como possíveis integrantes do grupo de investidores que assumirá o controle do TikTok nos Estados Unidos durante uma entrevista à Fox News neste domingo.
A declaração chamou atenção por ocorrer em meio a uma disputa judicial entre Trump e o próprio Murdoch.
Trump afirmou que “Rupert provavelmente vai estar no grupo” e que tanto ele quanto Lachlan são “patriotas americanos” que “amam este país” e “vão fazer um ótimo trabalho”.
A fala foi feita durante o programa The Sunday Briefing, da Fox News — emissora controlada pela família Murdoch e que sempre apoiou Donald Trump, desde a sua primeira campanha para a presidência.
A surpresa vem do fato de que Trump está processando Rupert Murdoch e o Wall Street Journal por difamação, após uma reportagem publicada em julho que o vinculava a uma mensagem de aniversário enviada a Jeffrey Epstein em 2003, com conteúdo sugestivo.
O jornal defende sua apuração e promete contestar a ação judicial.
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TikTok sob controle americano
O acordo proposto prevê que a operação americana do TikTok seja controlada por investidores dos EUA, com a Oracle responsável pela segurança dos dados. Além dos Murdoch, Trump citou Larry Ellison (Oracle) e Michael Dell (Dell Technologies) como participantes do grupo.
Karoline Leavitt, Secretária de Imprensa do governo dos EUA, disse à Fox News que haverá seis empresários dos EUA entre os sete membros do conselho. Os dados e a privacidade seriam controlados pela Oracle.
Os EUA também controlariam os dados e o algoritmo do aplicativo nos EUA, de acordo com Leavitt.
Segundo fontes internacionais, qualquer investimento da família Murdoch seria feito por meio da Fox Corporation, e não como indivíduos ou via News Corp., a empresa processada.
Rupert Murdoch estava no jantar de gala oferecido pelo rei Charles III a Trump na semana passada, durante visita oficial ao Reino Unido, mas não houve registro de que os dois tenham conversado diretamente.
Na véspera do jantar, tão logo o presidente dos EUA desembarcou no Reino Unido, ativistas projetaram imagens dele com Jeffrey Epstein na fachada do castelo de Windsor.
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Contexto político e estratégico
Em seu primeiro mandato, em meio à crise do coronavírus, Donald Trump chegou a propor o banimento do TikTok nos EUA, por ser de propriedade da China.
A tentativa não foi adiante por falta de embasamento legal. Mas em 2024, no governo de Joe Biden, o Congresso aprovou uma lei prevendo a venda do aplicativo a americanos ou o banimento da rede social.
A data marcada para que isso ocorresse era inicialmente 19 de janeiro, já no governo Trump. Mas o novo presidente mudou de posição e passou a tentar salvar o TikTok, adiando várias vezes o prazo para o desfecho final em obediência à lei.
Trump tem atribuído ao TikTok parte do sucesso de sua campanha presidencial de 2024, e agora busca garantir que o aplicativo esteja sob influência de aliados políticos e empresariais.
O acordo com a China, segundo ele, foi discutido diretamente com o presidente Xi Jinping em uma “ligação produtiva” na sexta-feira.
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