Londres – Um movimento iniciado na Islândia propondo que Israel seja banido do festival de música Eurovision devido à guerra em Gaza ganhou agora a adesão da Finlândia. 

Mais de 1,4 mil artistas do país assinaram uma petição pedindo aos organizadores que o país seja proibido de participar da competição, que será realizada este ano na Suécia, em maio, sob o argumento de que foram cometidos crimes de guerra por parte do exército de Israel. 

O Eurovision é um festival europeu, organizado localmente por emissoras de TV estatais e liderado pela União Europeia de Radiodifusão. Embora não fique na Europa, Israel faz parte do evento há 50 anos por meio da rede Kan, controlada pelo governo, assim como as demais redes participantes. 

Pelas regras da competição, cada emissora local seleciona as canções do país, que disputam etapas eliminatórias até a grande final.

O evento é transmitida pela TV para toda a Europa e para vários países de outras regiões do mundo, e mobiliza milhões de pessoas que votam em seus artistas favoritos por telefone e online. 

Em 2022, ano em que começou a guerra na Ucrânia, a Rússia foi proibida de participar e a banda ucraniana Kalush Orchestra venceu com a música Stefania, que acabou se tornando um hino de resistência contra a invasão russa, embora sua letra não fizesse alusão à guerra. 

O país vencedor sedia a final do ano seguinte, mas a Ucrânia não teve condições de realizar o show devido ao conflito.

O Reino Unido, que tinha ficado em segundo lugar, foi então o anfitrião em 2023. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tentou fazer um discurso pedindo apoio ao país na guerra, mas os organizadores vetaram alegando que o Eurovision não se engaja em questões políticas. 

A vencedora foi a cantora sueca Loreen, e por isso o Eurovision 2024 será realizado na cidade de Malmo. 

Se Israel não for banido, finlandeses querem que TV local boicote Eurovision

Em seu manifesto, os artistas finlandeses pedem que se Israel não for excluído a Companhia Finlandesa de Radiodifusão (Yle) boicote a competição, deixando de enviar representantes.

“Não está de acordo com os nossos valores que um país que comete crimes de guerra e continua com uma ocupação militar receba um palco público para polir a sua imagem em nome da música”, diz a petição assinada por artistas, músicos e profissionais da indústria musical.

“Ao mesmo tempo, outros países participantes acabam por dar o seu apoio às políticas de Israel.”

A petição lembra que em 2022 a Rússia foi excluída da Eurovision. 

Entre os artistas que assinaram a petição finlandesa estão Timo Kamarainen, Olavi Uusivirta, Paleface e Axel Ehnström, que representou a Finlândia na Eurovision em 2011.

Timo Kamarainen, disse ao jornal finlandês  Helsingin Sanomat que, dada a situação “completamente insustentável” em Gaza, a participação de Israel no concurso era inadequada.

No mês passado, a Associação Islandesa de Compositores e Letristas disse aos seus membros para não participarem no espectáculo, a menos que Israel fosse banido.

Um porta-voz do Eurovision reagiu ao pedido de banimento, argumentando que emissora pública de Israel cumpre todas as regras da competição e poderá participar da final em Malmo.  E que o festival é um evento não político, destinado a unir o público por meio da música.