Londres – Uma novo livro sobre o rei Charles III, escrito pelo jornalista britânico Robert Hardman, está tornando pública pela primeira vez a intimidade da família real a partir do momento em que o estado de saúde da rainha Elizabeth II começou a se agravar de forma irreversível até a hora de sua morte, às 15h10 do dia 8 de setembro de 2022.
“Charles II – New King, New Court”, que chega hoje às livrarias em meio à surpresa com as notícias da internação de Kate Middleton para uma cirurgia e a hospitalização do rei na próxima semana para uma intervenção na próstata, é baseado em conversas com fontes e em documentos oficiais, como o memorando do secretário particular da monarca britânica, Edward Young.
O fiel Young registrou no documento guardado no Arquivo Real do Castelo de Windsor que a rainha “não estava ciente de nada” ao morrer “de velhice”, e que “escapou da vida” de forma indolor, em sua cama no castelo de Balmoral, na Escócia.
Parte da família estava reunida na propriedade desde o dia anterior, revezando-se ao lado de Elizabeth II, incluindo Charles e Camilla.
No momento exato da morte, no entanto, o futuro rei tinha saído para colher cogumelos, um de seus hábitos, como forma de aliviar as tensões. Ele foi avisado do ocorrido quando dirigia de volta para o castelo, tendo sido chamado pela primeira vez de “Sua Majestade”.
Mas a coroação só iria acontecer em abril de 2023, cercada de pompa.
O livro de Hardman é apresentado como um balanço do primeiro ano do novo rei. Embora seja uma biografia não autorizada, como os dois lados reafirmam, é simpática à monarquia e a Charles – o que significa, por exemplo, não pintar o príncipe Harry da melhor forma nem fazer críticas ao rei ou ao “núcleo central” da realeza.
O livro aborda algumas históricas levemente incômodos para o Palácio de Buckingham, como as rusgas internas, mas outras nem tanto.
Segundo rumores, a informação revelada no livro por Hardman de que a Elizabeth II teria ficado furiosa como poucos já haviam visto antes quando Harry e Meghan disseram ter aprovação prévia da rainha para batizar a filha de Lilibet, seu apelido familiar, deixou o Palácio feliz.
Na época, o casal chegou a ameaçar a BBC de processo judicial por ter noticiado o fato, mas o Palácio de Buckingham recusou-se a confirmar publicamente a aprovação prévia ao nome por parte da rainha, segundo o novo livro.
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Autor é um dos ‘correspondentes reais’ britânicos
Robert Hardman é um dos muitos jornalistas britânicos especializados na cobertura da família real, um setor da imprensa tão importante no país como política ou economia – até porque a monarquia tem efeitos sobre todos os demais.
Os correspondentes reais têm acesso privilegiado a viagens, muitas vezes recebem informações em primeira mão e são frequentemente criticados por seu tratamento simpático à realeza.
Hardman é um dos comentaristas reais da BBC e colunista do Daily Mail. O jornal publicou trechos do livro antes da chegada às livrarias e início da vendas , em 18 de janeiro.
O volume disseca o que aconteceu entre a última vez em que Elizabeth II foi vista em público, durante uma audiência com a primeira-ministra que estava assumindo o cargo, Liz Truss, e a hora em que a morte foi confirmada pelas TVs, redes sociais e por uma circular afixada diante do Palácio de Buckingham, seguindo a tradição secular.
Segundo o livro, Charles não acreditava na deterioração rápida da saúde da mãe, e foi pego de surpresa com a morte.
Hardman teve acesso ao memorando de Young, um fiel assessor da rainha, que em sua descrição do momento da morte de Elizabeth II escreveu:
“Muito pacífico. No sono. Sem dor”.
Pelo menos nos trechos antecipados pelo Daily Mail o jornalista biógrafo não menciona a suposta causa da morte apontada em outro livro, “Elizabeth, an intimate portrait”, publicado em 2022 por Gyles Brandreth, amigo do príncipe Philip (marido da monarca).
Na obra, que também teve capítulos publicados previamente no Daily Mail, o Brandreth afirma “ter ouvido dizer” que Elizabeth II sofreria de um câncer de medula óssea, o que explicaria seu cansaço e perda de peso nos últimos meses de vida.
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Veja as principais revelações em torno da morte de Elizabeth II no novo livro
- Na noite de 6 de setembro, após audiências com Liz Truss e com o primeiro-ministro que deixava o cargo, Boris Johnson, a rainha desceu para drinques mas repentinamente se recolheu aos aposentos para jantar sozinha e dali não mais seria vista em público, diz o biógrafo no livro. Uma reunião de conselho marcada o dia seguinte foi cancelada.
- Na véspera da morte da monarca, a princesa Anne convocou o irmão mais velho, sucessor no trono britânico, para ir a Balmoral. Mas ele pareceu não acreditar que o fim estava próximo, tendo sido instado pela irmã a viajar imediatamente.
- Na hora exata da morte, estavam no quarto da rainha a princesa Anne; Angela Kelly, estilista responsável por seu visual e o pastor Kenneth MacKenzie, de um templo protestante local.
- Charles e Camilla haviam estado com a rainha antes, e no momento da morte ele estava sozinho, colhendo cogumelos, enquanto a mulher havia saído para uma caminhada.
- A rainha trabalhou até o fim. Na famosa caixa vermelha de documentos ela deixou duas cartas lacradas, para serem abertas apenas após sua morte, uma para o futuro rei Charles e outra para o secretário particular. O teor de ambas nunca foi divulgado.
- Ela deixou também sua última lista de nomes a serem homenageados com a Ordem do Mérito, uma prerrogativa do monarca britânico.
- O autor do novo livro confirma o stress em torno da presença de Meghan Markle em Balmoral, assunto da imprensa na época da morte, sugerindo que a tensão não foi apenas fofoca de tabloides sensacionalistas.
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- Ela e o príncipe Harry estavam no Reino Unido por mera coincidência quando a saúde da rainha se agravou, mas a duquesa de Sussex não foi “convidada” a ir ao local da morte com o marido, sob o argumento de que Kate Middleton, mulher do príncipe William, também não iria.
- O motivo da ausência de Kate, no entanto, foi a decisão de ficar com as crianças que estavam iniciando o ano letivo em uma nova escola e não um veto da monarquia, segundo o biógrafo.
- Ao ser informado pelo pai de que deveria viajar para Balmoral com urgência, quando a morte da rainha parecia iminente, Harry relatou ter tentado falar com o irmão para ver como ele iria viajar, mas não recebeu resposta, e acabou indo sozinho em um jatinho fretado
- Haveria um plano para consagrar Charles como príncipe-regente caso a saúde da rainha se agravasse mas ela não abdicasse, como sempre foi sua posição pública.
Pela sinopse, a abordagem indica simpatia à monarquia pós-Elizabeth II, que não sofre riscos imediatos de cair mas se vê desafiada por grupos antimonarquistas cada vez mais baruhentos.
O objetivo do livro é apresentar “como Charles III está determinado a avançar rapidamente, o papel vital desempenhado pela rainha Camilla, as relações do rei com os seus filhos e o resto da sua família, os seus planos para reformar a monarquia e como ele está assumindo o seu lugar no cenário mundial”.
O volume está disponível nas livrarias e vendido online em lojas como a Amazon, em versões de capa dura, kindle e audiobook.
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