No Brasil e no mundo, profissionais de comunicação e relaçÔes pĂșblicas estĂŁo conscientes sobre a revolução da inteligĂȘncia artificial nas companhias que representam e na prĂĄtica profissional, como mostram pesquisas recentes.
Uma delas, feita pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) com profissionais de comunicação de 135 empresas e divulgada em junho, revelou que 40% deles acham que a inteligĂȘncia artificial vai redefinir a forma como as organizaçÔes se comunicam, criando novas possibilidades e desafios.
O percentual é significativo, mas nos Estados Unidos é o dobro. Lå, 80% dos profissionais de comunicação apostam que a IA serå muito ou extremamente importante na sua atividade nos próximos anos.
A visĂŁo dos RPs dos EUA sobre inteligĂȘncia artificial
Essa constatação é de uma pesquisa do Annemberg Center for Public Relations da USC (University of South California) e da WE Communications, que ouviu 400 profissionais de RP nos EUA em abril.
Mas o estudo tambĂ©m constatou incertezas, mesmo no paĂs onde as inovaçÔes tecnolĂłgicas avançam mais rĂĄpido. Apenas 16% dos profissionais entrevistados se disseram extremamente familiarizados com as aplicaçÔes da IA generativa na comunicação.
A pesquisa ganhou o nome de Fascinated and Frightened, um tĂtulo que define bem os extremos dos sentimentos de fascinação e de medo gerados pela inteligĂȘncia artificial
Entre os dois extremos, a balança pende para o lado positivo. A palavra mais mencionada pelos participantes do estudo para definir inteligĂȘncia artificial foi âtransformadoraâ.
Disruptiva, complexa, eficiente e positiva tambĂ©m se destacaram. JĂĄ “confiança” estĂĄ entre os atributos menos associados Ă tecnologia, o que justifica o âassustadosâ do tĂtulo da pesquisa.
Leia tambĂ©m | Entrevista | Andrew Bruce Smith, Chartered Institute of PR: ‘IA jĂĄ estĂĄ invadindo domĂnios criativos’
O impacto da IA na prĂĄtica de RP
As entrevistas da pesquisa Fascinated and Frightened, da WE Communications e do USC Annemberg Center, foram feitas menos de seis meses após o lançamento do ChatGPT.
A opiniĂŁo de um diretor de agĂȘncia, destacada no relatĂłrio, dĂĄ a medida do impacto da inteligĂȘncia artificial na prĂĄtica de RP:
âTudo vai mudar – o mundo serĂĄ dividido entre antes e depois de 2023â.
Os autores da pesquisa salientam que a mudança radical trazida pela inteligĂȘncia artificial significa que alĂ©m de os profissionais de comunicação se prepararem para utilizĂĄ-la, devem refletir sobre seu melhor uso para reforçar o papel de embaixadores e protetores de marcas, orientando as organizaçÔes a respeito dos valores Ă©ticos e morais associados ao uso dessa tecnologia.
âĂ medida que a IA se torna uma ferramenta cada vez mais poderosa, devemos manter os humanos no centro das decisĂ”es.
Devemos sempre perguntar como nosso uso dela beneficiarĂĄ pessoas, organizaçÔes, comunidades e o mundoâ.
Veja as principais conclusÔes da pesquisa
HĂĄ muito o que aprender e experimentar.
23% afirmaram que as organizaçÔes para as quais trabalham jå estão fazendo mudanças na forma de atuar devido à IA.
16% se disseram extremamente familiarizados com o uso da IA generativa na comunicação
59% jĂĄ tinha usado o ChatGPT
13% nĂŁo tinham ainda experimentado a ferramenta
BenefĂcios para a eficiĂȘncia, dĂșvidas sobre a criatividade
88% acham que a IA vai ter impacto positivo na rapidez e eficiĂȘncia
72% acreditam que vai reduzir a carga de trabalho
57% estĂŁo usando a IA para produzir press releases, textos para blogs e postagens para mĂdias sociais
55% acham que vai ajudar na criatividade
25% acham que a criatividade serĂĄ prejudicada
PreocupaçÔes dos comunicadores e as habilidades que ganham ou perdem importùncia
Alguns erros da IA generativa viraram piada ou folclore. Outros afetaram reputaçÔes, como o do prefeito australiano que havia denunciado um esquema de corrupção quando trabalhava em uma empresa e tempos depois foi apontado em texto do ChatGPT como o responsåvel pelo delito.
Confira as maiores preocupaçÔes dos comunicadores com a adoção da tecnologia, segundo a pesquisa da USC Annemberg.
Fazer as perguntas certas sempre fez parte do conjunto de habilidades de um profissional de comunicação. Isso nĂŁo mudou. O que muda Ă© o interlocutor. Veja as outras caracterĂsticas que vĂŁo ganhar (ou perder) importĂąncia com o uso da IA na atividade.
Fred Cook, diretor do USC Annemberg Center for Public Relations, disse que em uma pesquisa anterior realizada pelo centro apenas 4% dos profissionais de RP disseram estar âmuito familiarizados com a IA. Mas embora o nĂșmero tenha aumentado, ele se preocupa com o futuro:
“Historicamente o setor de comunicação Ă© lento para adotar novas tecnologias. NĂŁo podemos deixar que isso aconteça com a IA.”
O relatĂłrio completo pode ser visto aqui.
Este artigo faz parte do Especial ‘Os desafios da ESG na era da InteligĂȘncia Artificial‘
Leia aqui a edição completa.