Londres – Líderes de mais de 30 empresas jornalísticas em todo o mundo, incluindo New York Times, BBC, Der Spiegel, Washigton Post, Associated Press, Agence France-Presse e Reuters, assinaram uma carta aberta na quinta-feira (29) afirmando que “estão unidos aos jornalistas palestinos em seu apelo por segurança, proteção e liberdade para denunciar” na guerra entre o Hamas e Israel em Gaza.
A carta, coordenada pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) com o apoio da Associação Mundial de Editores de Notícias ( WAN-IFRA ), enfatiza o ambiente perigoso para os membros da imprensa que cobrem a guerra Israel-Gaza, o conflito mais mortal para os jornalistas já documentado pelo CPJ.
Segundo a organização, mais de três quartos dos 99 jornalistas e profissionais de mídia mortos em todo o mundo em 2023 perderam a vida na guerra Israel-Gaza , a maioria deles palestinos mortos em ataques de Israel ao território.
Até o momento, pelo menos 94 jornalistas foram mortos na guerra entre Israel e Gaza, de acordo com o CPJ, dos quais 89 eram palestinos. Parte deles morreu a serviço e outros em bombardeios ou ataques deliberados, como denunciaram organizações como a Repórteres Sem Fronteiras.
Há dois dias, outra carta aberta assinada por correspondentes internacionais das principais redes globais de mídia, incluindo CNN e BBC, instaram os governos de Israel e do Egito (por causa da passagem de Rafah) a autorizarem a entrada de jornalistas estrangeiros ao território, tendo como um dos argumentos a possibilidade de apoio aos profissionais locais.
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Jornalistas palestinos trabalhando sob condições ‘sem precedentes’
“Durante quase cinco meses, jornalistas e profissionais de imprensa em Gaza – esmagadoramente, a única fonte de reportagem dentro do território palestino – têm trabalhado em condições sem precedentes”, diz a carta.
“…Estes jornalistas , nos quais os meios de comunicação internacionais e a comunidade internacional confiam para obter informações sobre a situação dentro de Gaza, continuam a trabalhar apesar do grave risco pessoal.”
“Os ataques a jornalistas são também ataques à verdade”, afirma a carta, lembrando à comunidade internacional que os jornalistas são civis e que as autoridades devem proteger os jornalistas como não-combatentes, de acordo com o direito internacional.
A Repórteres Sem Fronteiras protocolou junto ao Tribunal de Haia dois pedidos de investigação de crimes de guerra contra jornalistas.
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Os signatários da carta aberta são organizações de mídia da Estônia, França, Alemanha, Irlanda, Israel, Índia, Japão, Jordânia, Quênia, Líbano, México, Paquistão, Filipinas, Qatar, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos:
- Kim Godwin, presidente, ABC NEWS
- Phil Chetwynd, diretor de notícias globais, Agence France-Presse
- Hossam Kanafani, editor-chefe, Al-Araby Al-Jadeed
- Shiro Nakamura, presidente, The Asahi Shimbun, Japão
- Julie Pace, editora executiva, Associated Press
- Simon Spanswick, CEO, Associação de Emissoras Internacionais
- Deborah Turness, CEO da BBC News
- Mark Thompson, presidente e CEO da CNN Worldwide
- Daoud Kuttab, Diretor Geral, Rede de Mídia Comunitária, Jordânia
- Branko Brkic, editor-chefe, Daily Maverick, África do Sul
- Alia Ibrahim, cofundadora/CEO, Daraj, Líbano
- Roula Khalaf, editora, Financial Times
- Katharine Viner, editora-chefe, The Guardian
- Aluf Benn, editor-chefe, Haaretz
- Geordie Grieg, editor-chefe, The Independent
- Sandy Prieto-Romualdez, Presidente, Inquirer Group of Companies, Filipinas
- Deirdre Veldon, diretora administrativa, ex-editora adjunta, The Irish Times, Irlanda
- Rachel Corp, CEO, ITN Reino Unido
- Andrew Dagnell, editor, ITV News Reino Unido
- Terry Tang, editor executivo interino, Los Angeles Times
- Rameeza Nizami, Diretora Geral, Grupo Nawaiwaqt, Paquistão
- Pamella Sittoni, editora-chefe do grupo, Nation Media Group, Quênia
- Rebecca Blumenstein, presidente, editorial, NBC News
- David Remnick, editor, The New Yorker
- AG Sulzberger, editor, The New York Times
- Martha Ramos, Presidente, Fórum Mundial de Editores / Diretora Editorial, Organización Editorial Mexicana, México
- Hans Väre, editor-chefe, Postimees Grupp, Estônia
- Alan Rusbridger, editor, revista Prospect, Reino Unido
- Ritu Kapur, CEO, The Quint, Índia
- Maria Ressa, CEO e cofundadora, Rappler Inc.
- Alessandra Galloni, editora-chefe da Reuters
- Nwabisa Makunga, editora-chefe, The Sowetan, África do Sul
- Dirk Kurbjuweit, editor-chefe, Der Spiegel
- Wolfgang Krach, editor-chefe, Süddeutsche Zeitung, Alemanha
- Sally Buzbee, editora executiva, The Washington Post
- Vincent Peyrègne, CEO, Associação Mundial de Editores de Notícias (WAN-IFRA)
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