Londres – O destino do TikTok nos EUA continua incerto, com especulações sobre quem poderia comprar a rede social da chinesa ByteDance para evitar que ela seja fechada, conforme determina uma lei aprovada em 2024 e “suspensa” por um decreto de Donald Trump – o mais novo rumor é de que a Microsoft estaria na disputa.
A atenção em torno do futuro da plataforma levantou questões importantes sobre o impacto de um possível banimento ou mudança de donos no ecossistema de notícias e na forma como as pessoas se informam.
De acordo com o Pew Research Center, o TikTok tornou-se uma importante fonte de notícias para muitos americanos, com 52% dos usuários − o equivalente a 17% de todos os adultos nos EUA − afirmando que recebem notícias regularmente pela rede social.
A questão central é: como essa grande parcela de usuários recebe notícias no TikTok se menos de 1% das contas que os americanos seguem na plataforma pertencem a jornalistas ou veículos de mídia?
Pesquisas recentes do Pew lançam luz sobre esse paradoxo, revelando que os usuários do TikTok tendem a obter notícias de uma variedade de fontes, muitas vezes sem procurá-las ativamente.
E sem serem necessariamente fontes confiáveis.
TikTok e os infuenciadores
Influenciadores de notícias desempenham um papel significativo: 37% dos usuários do TikTok afirmam receber notícias regularmente por meio deles, com a maioria (84%) não tendo vínculo com organizações jornalísticas tradicionais.
O conteúdo de notícias mistura-se com outros tópicos: 43% das contas que discutiam notícias ou política em um estudo de 2024 também postaram sobre entretenimento e cultura pop, e 36% também postaram conteúdo humorístico. Isso significa que os usuários podem se deparar com notícias mesmo quando não estão procurando por elas.
O algoritmo da plataforma recomenda conteúdo aos usuários na página “For You”, e não está claro quanto desse conteúdo vem de contas que eles seguem ou não. Isso sugere que os usuários podem estar recebendo notícias de fontes que não escolheram seguir.
Uma possível proibição do TikTok, determinada pela justiça devido ao risco de acesso aos dados de usuários pela China, teria implicações mais significativas para o consumo de notícias por jovens.
Grupos etários mais velhos são mais propensos a procurar ativamente por notícias políticas no TikTok − 60% disseram que o fazem.
Já cerca de três quartos dos adultos americanos com menos de 30 anos dizem que obtêm principalmente notícias políticas quando as encontram. A remoção do TikTok como fonte de notícias pode resultar em um menor consumo de notícias entre esse grupo demográfico.
Microsoft, Musk, MrBeast: a disputa pelo TikTok nos EUA
O decreto de Trump adiou o banimento para a busca de uma “solução política” – ou seja, a articulação para a venda a uma empresa americana.
Elon Musk foi cogitado. A estrela do YouTube MrBeast oficializou interesse.
Nesta terça-feira (28), Donald Trump confirmou que a Microsoft estaria em negociações para comprar a rede, e disse que gostaria de ver uma guerra de lances pelo aplicativo.
Seja qual for o desfecho, ele terá impacto importante sobre como as novas gerações se informarão − para o bem ou para o mal, dependendo da orientação que um possível novo dono dará à rede social.
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