Londres – Neste sábado, 8 de outubro, manifestações em vários países voltarão a pedir liberdade para Julian Assange, em um momento que ganhou o nome de Day of International Action.

O objetivo de entidades de liberdade de imprensa, ativistas, jornalistas e cidadãos comuns é pressionar o Reino Unido a rejeitar a extradição do fundador do Wikileaks e instar o governo dos EUA a retirar todas as acusações contra ele.

O protesto pedindo a liberdade de Julian Assange foi organizado pelo grupo Don’t Extradite Assange e é coordenado por sua mulher, Stella, advogada especializada em direitos humanos que faz parte da equipe de defesa. 

Nova onda de protestos pela liberdade de Assange

O principal protesto será em Londres, onde Assange está preso. No sábado, às 13h (horário local), uma corrente humana com mais de 3,6 mil pessoas dará um “abraço coletivo” no Parlamento britânico para chamar a atenção da imprensa mundial para o caso.

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O público foi convocado pelas redes sociais e até por  anúncios em jornais de grande circulação. 

Entre as celebridades internacionais engajadas na defesa de Assange está o diretor de cinema Oliver Stone, que gravou um vídeo convocando o público a participar do ato na capital britânica. 

No momento da manifestação (às 9h, no horário de Brasília), a Fenaj vai participar de um tuitaço internacional com a hashtag #FreeAssangeNOW como forma de dar visibilidade para as ações que acontecem ao redor do mundo. 

Os atos de solidariedade em apoio ao fundador do Wikileaks estão planejados em todo o mundo. Na França, o Comitê de Apoio a Assange e outras 37 organizações que assinaram o “Apelo de Paris por Julian Assange” realizam um encontro na Estátua da Liberdade de Paris às 14h (horário local). 

Nos Estados Unidos, o Comitê de Defesa de Assange realizará, às 12h (horário local), um comício em frente ao Departamento de Justiça em Washington pedindo ao procurador-geral Merrick Garland que retire as acusações contra o fundador do Wikileaks. 

Manifestações também acontecem nas cidades americanas de Denver, Seattle, Minneapolis, Tulsa e São Francisco.

Na Austrália, país de origem de Assange, uma corrente humana também será formada na Princes Bridge, em Melbourne, às 11h.

O Parlamento em Wellington, na Nova Zelândia, também receberá um “abraço coletivo” organizado por ativistas. Do prédio, os manifestantes seguirão em passeata até a embaixada do Reino Unido e, de lá, seguem para a embaixada dos EUA.

Protestos também acontecem em Canberra, Byron Bay e Bendigo, na Austrália; no Canadá, África do Sul, México, Alemanha, Bruxelas, Escócia e Itália.

“A decisão do Ministro do Interior do Reino Unido de permitir a extradição de Julian Assange foi vingativa e um verdadeiro golpe para a liberdade da mídia”, diz a presidente da Federação Internacional de Jornalistas, Dominique Pradalié.

“Todos os jornalistas devem apoiar Julian Assange, que permitiu que eles revelassem crimes de guerra do exército dos EUA no Iraque e Afeganistão. O dia 8 de outubro é a hora de mobilizar e expressar solidariedade para defender a liberdade de Assange, bem como o direito de todos saberem”.

Entenda o caso Assange

O fundador do WikiLeaks é processado pelos Estados Unidos sob alegação de uma conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional após a publicação de centenas de milhares de documentos vazados relacionados às guerras do Afeganistão e do Iraque no site.

Ele responde a 17 acusações sob a Lei de Espionagem e uma sob a Lei de Fraude e Abuso de Computador,  podendo ser condenado a até 175 anos de cadeia. 

Barack Obama, presidente quando os documentos foram publicados, em 2009, o considerava um traidor.

Mas apenas em abril de 2019, com Donald Trump no cargo, as acusações foram formalizadas e o Departamento de Estado dos EUA solicitou do Reino Unido a extradição. 

Entidades de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa e de expressão são unânimes em afirmar que jornalistas e veículos de imprensa correrão riscos de processos criminais ou de espionagem se publicarem segredos incômodos a governos, sobretudo nos EUA. 

Informantes pensarão duas vezes antes de se arriscar a entregar à imprensa histórias capazes de melhorar a sociedade ou evitar a continuidade de más práticas, corrupção e crimes.