Londres – O ator e apresentador britânico Stephen Fry deixou para trás seus 12,5 milhões de seguidores no Twitter, entrando para a lista de quem saiu da plataforma depois da compra por Elon Musk.

Fry encerrou sua conta nesta terça-feira (8) com um post utilizando letras do quebra-cabeças Scrabble para formar a palavra “Goodbye”. Ele é um dos mais conhecidos astros do cinema, TV e teatro no país, e já tinha saído do Twitter antes em 2016, para depois retornar.

Mas foi em uma época em que quase ninguém saía do Twitter, diferente do momento atual em que os planos do bilionário que comprou a plataforma assustam os que temem a liberação de conteúdo relacionado a discurso de ódio e extremismo – incluindo grandes anunciantes que paralisaram investimentos na rede social. 

Quem mais saiu do Twitter nos últimos dias 

Segundo a plataforma de monitoramento Bot Sentinel, o Twitter já pode ter perdido mais de um milhão de usuários desde que Elon Musk comprou rede social por US$ 44 bilhões

Apenas entre 27 de outubro e 1º de novembro, o número de desativações teria sido de 877 mil e outras 497 mil contas foram suspensas. A empresa atribuiu o movimento à insatisfação com os novos rumos adotados pelo bilionário. 

Outra empresa, a VPNOverview, atestou que as buscas por ‘Como excluir o Twitter’ aumentaram 500%. 

Stephen Fry, uma celebridade no mundo artístico britânico, fez como muitos que estão saindo do Twitter e “mudou-se” para a Mastodon, uma rede social alternativa que avançou desde a aquisição de Musk e já tem mais de 1 milhão de usuários. 

À mídia britânica, um porta-voz do ator disse: “Stephen Fry achou que era a hora certa de seguir em frente”.

Um dia antes, a atriz e apresentadora Whoopi Goldberg foi outra famosa que deixou a rede social, dizendo aos telespectadores de seu programa de televisão americano The View :

“Faz pouco mais de uma semana desde que Elon Musk assumiu o Twitter e este lugar está uma bagunça. Estou saindo hoje. . .

Estou cansada de ver certos tipos de atitudes bloqueadas agora voltando.”

Admitindo a possibilidade de voltar no futuro “se as coisas se acalmarem”, ela criticou a demissão em massa de funcionários, muitos avisados da dispensa por email e tendo o acesso a computadores e escritórios bloqueado.

Cerca de 50% dos trabalhadores da rede social em todo o mundo ficaram sem emprego na última sexta-feira (4). Eram 7,5 mil antes da chegada do empresário. 

O ato levou a uma manifestação da ONU.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, publicou uma carta aberta um dia após o corte pedindo ao empresário  “que garanta que os direitos humanos serão centrais para a gestão do Twitter sob a sua liderança”. Turk se disse preocupado “sobre o espaço público digital e o papel que o Twitter ali representa”.

Whoopi Goldberg também condenou o banimento da comediante Kathy Griffin. 

Demonstrando uma contradição entre o discurso pela liberdade de expressão de Elon Musk e a prática na rede social de sua propriedade, o banimento de Griffin aconteceu depois que ela mudou o nome de sua conta para “Elon Musk” e tuitou contra o plano de cobrar US$ 8 para ter contas verificadas. 

O novo proprietário do Twitter anunciou uma proibição imediata de contas que fingem ser outra pessoa sem as sinalizar como paródias. Aparentando irritação, ele tuitou dizendo que não haveria “nenhum aviso” antes da suspensão. 

Entre os que saíram voluntariamente do Twitter, uma das primeiras foi Amber Rudd, atriz que teve um relacionamento com Elon Musk e ficou ainda mais famosa depois da briga judicial com o ator Johnny Depp.

A lista de quem saiu do Twitter ou anunciou uma pausa nas postagens foi aumentada com nomes como a modelo Gigi Hadid (dez milhões de seguidores), a produtora Shonda Rhimes (dois milhões), e as cantoras Sara Bareilles (três milhões) e Toni Braxton, que disse: 

“Estou chocada e apavorada com algumas das ‘liberdades de expressão’ que vi nesta plataforma desde a sua aquisição”, escreveu.

“Discurso de ódio sob o véu da ‘liberdade de expressão’ é inaceitável. Estou escolhendo ficar fora do Twitter, pois não é mais um espaço seguro para mim, meus filhos e outras pessoas de cor.”

Elon Musk não dá o braço a torcer e afirma que tudo vai bem com o número de usuários.

Na terça-feira (8), ele fez uma postagem dizendo que o uso da plataforma nunca esteve tão alto, e desejou que os servidores não entrassem em pane, um otimismo que não combina com as preocupações sobre o faturamento.

Na semana passada, o próprio Musk usou a rede social para informar aos seus 114 milhões de seguidores que o Twitter teve “uma queda maciça na receita” depois que anunciantes interromperam os gastos por causa da incerteza em torno da moderação e da política de conteúdo. 

Entre eles estão gigantes corporativos como Pfizer, Toyota e Volkswagen. Se os planos de monetização como a polêmica cobrança para ter contas verificadas não derem certo e a confiança dos anunciantes não for resgatada, Elon Musk pode enfrentar problemas para pagar a dívida assumida para comprar a plataforma.

O site de tecnologia Platformer estimou que a verificação de US $ 8 pode sair cara. Os que se inscreveram no esquema receberam a promessa de menos anúncios, mas estimativas internas sugerem que isso significaria uma queda mensal de US$ 6 na receita de publicidade por usuário dos EUA.

Nesta terça-feira, o empresário vendeu 19,5 milhões de suas ações na empresa de carros elétricos Tesla, de acordo com documentos publicados pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, uma transação de US$ 3,95 bilhões.