Londres – A morte do jornalista russo Rostislav Zhuravlev, um popular repórter de guerra da agência de notícias estatal RIA Novosti, ocorrida neste sábado (22) na Ucrânia, provocou reação de Moscou contra as bombas cluster fornecidas ao exército ucraniano pelos EUA.
Segundo o Ministério da Defesa, o jornalista de 32 anos morreu em um bombardeio perto de Zaporizhzhia em que as bombas de fragmentação teriam sido utilizadas. Outros três profissionais de imprensa russos ficaram feridos no ataque.
A agência é um dos principais meios de comunicação alinhados ao regime de Vladimir Putin. Os feridos são de outros veículos estatais, a agência Tass e a All-Russia State Television and Radio Broadcasting Company.
Como foi o bombardeio na Ucrânia
O Ministério da Defesa informou em uma nota no Telegram que por volta de 12h do sábado unidades das Forças Armadas da Ucrânia lançaram um ataque de artilharia com munições cluster contra um grupo de jornalistas do Centro de Informação Izvestia.
Os quatro feridos foram levados para instalações médicas do Ministério da Defesa da Rússia, mas Rostislav Zhuravlev não resistiu. Os outros estão em situação estável, de acordo com a nota do governo.
O fornecimento das bombas de fragmentação pelos EUA foi objeto de controvérsia e críticas mesmo de países aliados à Ucrânia.
Elas são proibidas em mais de 100 países, por atingirem vastas áreas e assim aumentando riscos para civis.
Mas Moscou e Kiev não assinaram um tratado internacional para deixar de usá-las, e analistas afirmam que o exército russo também as utiliza na Ucrânia.
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Repórter russo falou das bombas cluster no Telegram
Além de fazer reportagens para a RIA Novosti, Rostislav Zhuravlev tinha um canal no Telegram, Nezhurka, onde frequentemente aparecia portando armas e usando trajes militares.
Ele fez uma postagem no dia 13 de julho sobre o uso das bombas de fragmentação contra civis no que chamou de “nossos novos territórios libertados, as regiões de Zaporizhia e Kherson”, em substituição a antigas munições de fabricação soviética, mostradas na imagem.
Zhuravlev citou ataques em várias localidades, que teriam causado a morte de uma criança. E disse achar que o exército ucraniano “não seguirá nenhuma regra” no uso da munição cluster, mirando em instalações civis.
Desde o início da guerra, pelo menos 17 profissionais de imprensa morreram enquanto cobriam a guerra na Ucrânia, segundo o Comitê Para Proteção de Jornalistas (CPJ).
Quase todos os repórteres, cinegrafistas e produtores que perderam a vida foram vítimas de ataques diretos atribuídos ao exército russo, mesmo estando identificados como jornalistas.
O caso mais recente, no entanto, ocorreu em um bombardeio. Em maio, o chefe de vídeo da agência France Presse perdeu a vida em um ataque perto de Bakhmut.
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