No aniversário de um ano da prisão do premiado jornalista José Rubén Zamora e a três semanas do segundo turno das eleições presidenciais, a organização Repórteres Sem Fronteiras lançou uma petição online para pressionar o governo da Guatemala a libertá-lo.
Fundador e editor do elPeriódico, Zamora foi preso no dia 29 de julho de 2022, e condenado em junho passado a seis anos de prisão crimes financeiros. Ele tem 66 anos e perdeu 16 quilos desde a detenção.
O jornal acabou fechando em definitivo em maio, depois de meses tentando resistir pelo menos com a versão online, e vários de seus profissionais tiveram que se exilar.
Jornalista criou veículo após guerra civil na Guatemala
O elPeriódico foi fundado em 1996, após 36 anos de guerra civil na Guatemala. O veículo era reconhecido pelo seu jornalismo investigativo, revelando atos de corrupção e abusos de direitos humanos pelos militares e pelo governo.
Em 1995, José Rubén Zamora recebeu do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa, em reconhecimento ao combate à censura na Guatemala.
Em 2000, o Instituto Internacional de Imprensa o nomeou como um dos 50 heróis mundiais da liberdade de imprensa.
Perseguições a José Rubén Zamora
As perseguições que levaram à prisão e ao fechamento do jornal começaram em 2021. Zamora denunciou que o presidente da república, Alejandro Giammattei e a procuradora-geral do Ministério Público, Consuelo Porras, estavam “fabricando” um processo contra ele, utilizando alegações não relacionadas ao jornalismo.
Em junho deste ano, o editor foi absolvido de acusações de chantagem e tráfico de influência, mas condenado a de seis anos de prisão e pagamento de uma multa de 300 mil quetzales (aproximadamente R$ 184 mil) por lavagem de dinheiro.
Segundo a Repórteres Sem Fronteiras, Zamora foi mantido em confinamento solitário no ano passado.
Quando membros de uma delegação de liberdade de imprensa que incluía a RSF conseguiram visitá-lo na prisão, em maio, ele disse que havia sofrido tortura psicológica, incluindo privação de sono.
O jornalista contou ter tido a cela foi infestada de insetos durante o primeiro mês de detenção.
“É claro que Zamora é um bode expiatório e que sua condenação está sendo usada para enviar uma mensagem”, disse a RSF, apontando ameaças a outros profissionais que investigam corrupção ou cobrem julgamentos de pessoas próximas ao poder na Guatemala.
Segundo a Associação de Jornalistas da Guatemala, a criminalização do jornalismo aumentou nos últimos anos, levando pelo menos 20 jornalistas ao exílio.
A petição #FreeZamora pode ser assinada aqui.
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Organizações pressionam Guatemala a libertar jornalista
As principais organizações de liberdade de imprensa do mundo pressionam a Guatemala a libertar o jornalista, e renovaram os apelos no primeiro aniversário da prisão de Zamora em uma carta conjunta que tem entre os signatários a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e o Comitê de Proteção de Jornalistas:
“Os ataques a Zamora são um testemunho claro da erosão da liberdade de expressão e da criminalização do jornalismo na Guatemala.
As autoridades devem acabar com essa retaliação maldosa contra ele e respeitar o estado de direito. É hora de Zamora ser libertado.”
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) também condenou o julgamento do jornalista, “caracterizado por irregularidades”:
“Fomos testemunhas de atos de intimidação e caça às bruxas contra qualquer pessoa ligada à Zamora, com o propósito de diminuir a possibilidade de uma defesa justa e imparcial”, disse o presidente da SIP, Michael Greenspon.
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