Londres – A compra do Twitter não fez bem aos negócios de Elon Musk, que acaba de entrar para o Livro Guinness de Recordes como o recordista mundial de perda de fortuna pessoal. 

O recorde anterior era do investidor japonês Masayoshi Son, também do ramo de tecnologia, que perdeu US$ 58,6 bilhões em 2000.

Citando dados da revista Forbes, que em dezembro tirou de Musk o cetro de homem mais rico do mundo, o Guinness registrou que o  patrimônio líquido do bilionário registrou uma perda de US$ 182 bilhões, caindo de US$ 320 bilhões no fim de 2021 para US$ 138 bilhões em janeiro de 2023.

Guinness: ‘declínio alarmante’ da Tesla de Musk 

A queda é atribuída em grande parte ao fraco desempenho das ações da Tesla, cujas ações despencaram  65% em 2022. No entanto, o Livro dos Recordes ressalta que o “declínio alarmante” da fortuna se acelerou em outubro, depois que Musk comprou o Twitter por cerca de US$ 44 bilhões. 

Investidores têm se demonstrado impacientes com a dedicação de Musk ao Twitter, que virou seu principal brinquedo, e com as polêmicas em que se envolveu depois da compra. 

O empresário parece estar sentindo o golpe. Depois do fechamento do mercado de ações no dia 30 de dezembro, ele tuitou: 

“Os fundamentos de longo prazo são extremamente fortes. A loucura do mercado de curto prazo é imprevisível”, sugerindo que os resultados seriam revertidos. 

Seu primeiro tweet de 2023 teve um tom nostálgico, recordando que um ano antes ele era o Homem do Ano da revista Time. 

Nos últimos dias, postagens sobre a Tesla e a SpaceX, suas principais empresas, dominam sua conta no Twitter, sinalizando uma possível mensagem ao mercado de que ele está atento aos outros negócios. 

Mas o estrago na fortuna pessoal já está feito. Ao anunciar o recorde de Elon Musk, o Guinness ressaltou que a aquisição tumultuada e o “comportamento polarizador de Musk na plataforma” provocaram a maior venda de ações da Tesla desde que a empresa abriu seu capital, em 2010.

A pubicação lembra que, apesar dos abalos, a Tesla continua sendo a montadora mais valiosa do mundo. Seu valor de mercado é mais de US$ 100 bilhões superior ao da concorrente mais próxima, a Toyota.

E observa que “embora Musk tenha perdido mais dinheiro em tão curto intervalo de tempo do que qualquer ser humano na história, ele não passará fome tão cedo, pois ainda é a segunda pessoa mais rica do mundo”.

O título de mais rico do mundo foi transferido em dezembro para o francês Bernard Arnault, fundador do conglomerado de bens de luxo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), que tem um patrimônio líquido estimado em US$ 190 bilhões. 

No comunicado em que anunciou o recorde de perda de fortuna pessoal de Elon Musk, o Guinness explica porque o patrimônio líquido dos bilionários é muito mais volátil do que o de uma pessoa que ganha uma renda média:

“A maior parte da fortuna de um bilionário normalmente assume a forma de ações e investimentos. À medida que o valor de mercado desses investimentos flutua, também flutua a riqueza visível de seu proprietário.

Isso é duplamente verdadeiro para bilionários “self-made”, como Musk ou o ex-recordista Masayoshi Son, porque seu patrimônio líquido geralmente é derivado quase inteiramente da avaliação de mercado das empresas que eles fundaram (embora Musk não tenha sido um fundador original da Tesla, mas um dos primeiros investidores).”

No caso de Masayoshi Son, cujo patrimônio líquido caiu de US$ 78 bilhões em fevereiro de 2000 para US$ 19,4 bilhões em julho do mesmo ano, o valor de seu conglomerado de tecnologia, o Softbank, foi duramente afetado pelo crash das pontocom.

Felizmente para Son, o Softbank se recuperou nos anos seguintes, adquirindo várias empresas de tecnologia americanas e britânicas.

“Como Elon Musk continua a construir seu próprio conglomerado de tecnologia, não ficaremos surpresos em vê-lo se recuperar em algum momento no futuro”, aposta o Guinness. 

Musk não comentou sobre o novo recorde, nem sobre as dificuldades recentes enfrentadas pelo Twitter depois que sua gestão caótica afastou grandes anunciantes e derrubou a receita. 

A empresa deixou de pagar aluguéis em vários escritórios, agora ociosos depois que o empresário fez demissões em massa e deixou talentos irem embora. 

Na semana que vem, móveis e peças da sede mundial do Twitter, em São Francisco (EUA), serão leiloados.