Londres – A possibilidade de os EUA desistirem dos processos contra Julian Assange como resultado de um acordo com a Austrália, país natal do fundador do Wikileaks, foi oficialmente descartada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, em uma entrevista coletiva ao fim de um encontro bilateral sobre cooperação militar em Brisbane neste sábado. 

Preso há quatro anos em Londres, Assange aguarda o resultado do último recurso para tentar evitar a extradição para os EUA, onde responde a 18 processos relacionados à divulgação de documentos confidenciais sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, cujas penas máximas somadas totalizam 175 anos de prisão. 

Em entrevista coletiva ao lado da ministra das Relações Exteriores australiana, Penny Wong, Blinken disse entender as opiniões e preocupações dos australianos, mas pediu que os “amigos” entendessem as preocupações dos EUA sobre o assunto. 

“O senhor Assange foi acusado de conduta criminosa muito grave nos Estados Unidos em conexão com seu suposto papel em um dos maiores comprometimentos de informações confidenciais da história de nosso país”, disse o secretário, pedindo a compreensão dos australianos:

“As ações que ele supostamente cometeu representam danos muito sérios à nossa segurança nacional, em benefício de nossos adversários, colocando pessoas e o país sob risco”

Austrália intercedeu por Assange 

Na entrevista, Penny Wong confirmou que a Austrália intercedeu em favor de Julian Assange, mas explicou que “há limites sobre o que pode ser feito até que os procedimentos legais sejam concluídos”. 

“Entendo que o Assange entrou com um pedido de renovação de apelação no Reino Unido. O governo não faz parte desses processos legais, nem podemos intervir”, disse ela.

O pai e o irmão de Julian Assange lideram uma campanha para tentar levar o fundador do Wikileaks para a Austrália, que tem a adesão de parlamentares e do próprio governo do primeiro-ministro Anthony Albanese e da população.

Cartazes e painéis pedindo a libertação do australiano podem ser vistos em vários pontos do país, divulgados por grupos de apoio. 

As acusações contra o fundador do Wikileaks são consideradas uma ameaça à liberdade de imprensa, pois sua condenação pode abrir caminho para processos contra jornalistas ou fontes que revelem segredos de interesse da sociedade a meios de comunicação. 

As declarações de Antony Blinken foram recebidas com revolta pelos partidários de Assange, colocando fim a uma das esperanças para libertá-lo, que era a ida para a Austrália. 

Em junho, a justiça britânica rejeitou mais um recurso da defesa de Julian Assange, colocando o fundador do WikiLeaks mais perto de ser extraditado para os EUA.