Londres – Enquanto a rede social de Donald Trump não decola, Melania Trump resolveu cuidar de sua própria vida digital e anunciou um contrato de exclusividade com a Parler, uma plataforma popular entre a extrema direita dos EUA. 

Em um comunicado nesta quinta-feira (10), a Parler informou ter fechado um “acordo especial” para as comunicações da ex-primeira dama, tornando a rede “a sua nova casa de mídia social”.

Melania elogiou a ‘liberdade de expressão’ da plataforma, uma das mais criticadas por sua política frouxa de moderação que a tornou porto seguro para teóricos da conspiração com os adeptos do QAnon, integrantes do movimento antivacina e grupos extremistas como os que invadiram o Capitólio em 2021. 

Parler, a rede dos excluídos 

A rede social tem uma história de polêmicas. Quando as grandes plataformas começaram a tomar atitudes mais rigorosas contra fake news e discurso de ódio, muitos excluídos migraram para ela. 

O impulso maior aconteceu em janeiro de 2021, após a invasão do Congresso americano e banimento de Donald Trump do Twitter e do Facebook. 

Mas as conversas eram tão agressivas que menos de uma semana após os incidentes de Washington, a Amazon ‘despejou’ a Parler de seus servidores.

Nenhuma outra grande empresa de nuvem aceitou a despejada. 

Segundo a empresa de monitoramento SensorTower, o aplicativo foi baixado 10,8 milhões de vezes até ela sair do ar, com 9,6 milhões de downloads em 2020. 

Leia mais 

Parler, a rede dos extremistas que fogem da moderação das gigantes digitais

Semanas depois ela conseguiu voltar, hospedada por um pequeno de Los Angeles chamado SkySilk. 

Kevin Matossian, executivo-chefe da SkySilk, disse em comunicado na época que estava ajudando a Parler a ‘apoiar a liberdade de expressão’. 

Segundo o New York Times, o retorno da Paler contou com ajuda técnica de uma empresa que já trabalhou para o governo russo e de uma empresa de Seattle que já apoiou um site neonazista.

Melania Trump quer liberdade na Parler 

Esse passado não parece importar muito para Melania Trump. No comunicado divulgado pela Parler, ela disse:

“Estou animada e inspirada pelas plataformas de liberdade de expressão que dão comunicação direta às pessoas em todo o mundo.

A Parler está na vanguarda da utilização da tecnologia Web3 e capacita seus usuários a promoverem um discurso produtivo.”

A ex-primeira-dama tem contas ativas no Facebook, Twitter e Instagram. A ida para a rede dos extremistas não foi uma necessidade por não ter outras plataformas, e sim uma opção. 

O acordo com Parler levanta questões sobre seu envolvimento com a plataforma de mídia social do próprio marido.

NFTs de Melania na Parler 

O namoro de Melania Trump e com Parler começou ano passado.

Em dezembro, a mulher de Donald Trump usou a plataforma para lançar seus NFT (tokens não fungíveis), com uma coleção de imagens de seus olhos.

O CEO da rede social,  George Farmer, disse que a empresa desenvolveu uma parceria com ela ao longo do tempo.

“No tempo em que a Parler e a Sra. Trump trabalharam juntos, encontramos um novo nível de produtividade e envolvimento com ela, sua equipe e sua marca”, disse Farmer.

Em janeiro, Melania lançou outra venda, desta vez de imagens usando chapéus. 

Enquanto isso, rede social de Trump patina

Com toda a expectativa em torno da rede social de Donald Trump, anunciada como um projeto grandioso para “desafiar a tirania das Big Techs”, com captação de mais de US$ 1  bilhão junto a investidores e planos de abrir capital, seria de se esperar que Melania fizesse parte dela. 

Mas a Truth Social continua na promessa, e isso pode ter incentivado a ex-primeira-dama a trilhar seu próprio caminho digital. 

Quando foi anunciada, em outubro, o plano era que a rede de Donald Trump  entraria no ar em novembro com uma versão beta apenas para convidados.

Mas ela começou mal, com a invasão de um hacker que criou um falso perfil de Donald Trump e postou a foto de um porco defecando. 

Em janeiro, quando Trump completou um ano fora das grandes plataformas, a notícia era de que a Truth começaria a operar em 21 de fevereiro. No entanto, isso não vai acontecer, e o mercado financeiro já reagiu. 

Na semana passada, Devin Nunes – ex-congressista e atual CEO do Trump Media and Technology Group – disse que o aplicativo não estará pronto até o final de março.

Depois que a notícia se espalhou, o preço das ações da empresa financeira que fez parceria com a plataforma de mídia social do ex-presidente despencou na segunda-feira (7).

A empresa Digital World Acquisition Corp. abriu as negociações a US$ 87,02 por ação e fechou a US$ 80,45.

Em outubro, quando o acordo com Trump foi anunciado, o papel chegou a valer US$ 94. Hoje está em US$ 82.

Leia também

Motim no Capitólio: Trump completa um ano fora das redes sociais e plataforma própria não decola