Não foi só na campanha de Ron DeSantis que o bilionário Elon Musk fez estrago: a nova gestão do Twitter, marcada por crises sucessivas, está provocando afastamento de usuários da rede nos Estados Unidos.
Uma pesquisa do Pew Research Center aponta que seis a cada dez tuiteiros relataram ter “dado um tempo” de várias semanas da plataforma nos últimos meses
E o futuro não é animador: 25% dos usuários não se veem mais na rede social daqui a um ano. Entrevistados que se identificam com o Partido Democrata são os mais inclinados a se afastar do Twitter.
Mulheres tendem a cansar mais do Twitter
O instituto de pesquisas aponta que a queda de popularidade está intimamente ligada às decisões do novo proprietário, que adquiriu a rede de microblog em outubro de 2022 e desde então, fez diversos cortes e mudanças impopulares.
Na última quinta-feira, a líder de Confiabilidade e Segurança, Ella Irwin, deixou a empresa. Ela tinha assumido o cargo em substituição à chefe anterior, Yoel Roth, que saiu em novembro de 2022, – um mês depois que Musk assumiu o comando da rede social.
A pesquisa do Pew Center foi realizada entre 13 a 19 de março deste ano, consultando 10.701 usuários do Twitter que ainda usam ou acessaram a rede social nos últimos doze meses.
Como resultado, 60% dos participantes afirmam ter dado um tempo da rede social por um período mínimo de “algumas semanas”.
A crise no Twitter também atingiu cada grupo de maneira diferente.
- Mulheres (69%) se demonstraram mais propensas a pausar o uso do que homens (54%);
- Pessoas negras (67%) apresentaram maior maior propensão a pausar do que brancas (60%) e latinas (54%).
A pesquisa não encontrou diferenças significativas entre idade ou afiliação política na decisão de dar um tempo do Twitter. Mas isso muda quando a pergunta é sobre o futuro.
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Quem está mais inclinado a deixar o Twitter
O estudo constatou que apenas 40% consideram “extremamente” ou “muito provável” a probabilidade de ainda usar a plataforma nos próximos 12 meses.
Um quarto dos entrevistados disse que não tem nenhuma possibilidade ou declara uma forte tendência a não estar na plataforma daqui a um ano.
Somado aos que consideram haver alguma possibilidade de não estar na plataforma, o número sobe para 60%.
As intenções são diferentes conforme os grupos são analisados.
- Mais mulheres (30%) do que homens (20%) estão decididos a deixar o Twitter em um ano.
- Setenta por cento dos usuários Republicanos disseram estar propensos ou extremamente propensos a continuar na plataforma.
- Entre os Democratas, a taxa cai para 53%.
- O grupo mais decidido a parar de usar o Twitter é o de mulheres simpatizantes do partido Democrata (35%).
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Números refletem crise no Twitter
O resultado da pesquisa do Pew Research Center reflete as crises na gestão de Musk: o possível êxodo de um quarto dos usuários dos EUA prejudica as perspectivas de sustentabilidade financeira do Twitter.
Depois da aquisição, que levou a um boicote de grandes marcas e abalou as receitas publicitárias, a rede social voltou seu modelo de negócio para o Twitter Blue, plano de assinaturas que possui recursos extras, como o selo de autenticidade.
Mas os resultados não foram os esperados, com registro de aumento de discurso de ódio e desinformação.
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Embora o Twitter continue gratuito, o risco de perda de usuários em um mercado tão importante, tendência que pode ser estendida a outros países, tem impacto sobre a geração de receita publicitária, apoiada no alcance das postagens.
O próprio Musk chegou a admitir a possibilidade de falência.
Depois ele voltou a atrás, mas os riscos não estão afastados. O Pew Research Center aponta que os resultados ecoam “debates na mídia” e até mesmo “perguntas do próprio Musk” sobre uma possível morte do Twitter.
Com dificuldades de monetização e decisões impopulares, Elon Musk cortou o quadro de funcionários de 8 mil para cerca de 1,5 mil e pode deixar a Europa para não cumprir os termos da nova lei contra desinformação.
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