Londres – O Twitter completa neste 27 de outubro um ano sob o comando de Elon Musk, uma gestão que começou tachada de caótica e segue fazendo jus ao rótulo.
Deixando de lado os teóricos da conspiração e figuras controvertidas como Donald Trump, Kanye West e Andrew Tate, que conseguiram reaver suas contas bloqueadas, é difícil encontrar alguém que veja algo de positivo no agora X.
Prejuízo, queda no tráfego, desinformação e uma batalha sem vencedores com a imprensa estão entre as mazelas vividas pela rede social desde que o homem mais rico do mundo aplicou US$ 44 bilhões para virar o dono da bola e ditar as regras do jogo.
Musk ganhou mais tráfego do que Twitter em um ano
Na verdade, há uma conquista apontada pela empresa de monitoramento Similarweb: o perfil de Musk no Twitter / X e o tráfego para as suas postagens cresceu 96% em um ano, entre setembro de 2022 e setembro de 2023.
Mas o tráfego da plataforma caiu 19% nos EUA (origem de um quarto dos acessos) e em outros grande mercados. O relatório sobre o primeiro ano diz que se Musk quisesse gerar tráfego para o seu perfil certamente teria uma forma mais barata de fazer isso.
O levantamento dá o tamanho do impacto sobre uma empresa que em maio de 2022 passado tinha visto seu valor de marca aumentar 85% em um ano, de acordo com a consultoria Brand Finance. E registrado lucro sete vezes maior no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2021.
Em março de 2023, , o bilionário disse que o fluxo de caixa seria positivo no segundo trimestre. Em julho, admitiu que as coisas não iam bem, culpando as campanhas contra desinformação e discurso de ódio na plataforma pela fuga de anunciantes.
A Insider Intelligence projetou que o faturamento do Twitter em 2023 deve ser inferior a US$ 3 bilhões, um terço a menos do que em 2022.
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Desinformação no Twitter no alvo da UE
Dinheiro poderia não ser problema para o homem mais rico do mundo. Mas a reputação do Twitter/X despencou, e os questionamentos por desinformação e conteúdo nocivo podem acabar gerando mais perdas.
A cobrança pelo selo azul de verificação acabou validando contas que disseminam desinformação e discurso de ódio, como apontado em relatório da organização Center for Countering Digital Hate.
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Segundo a União Europeia, o Twitter/X é a plataforma com maior proporção de fake news e posts incitando a violência relacionados ao conflito Hamas-Israel. Por isso, tornou-se a primeira rede formalmente investigada sob a nova lei de serviços digitais do bloco, que prevê multa de 6% da receita e até bloqueio.
O rebranding atrapalhado é um capítulo à parte. Difícil imaginar uma empresa que mude seu nome e logomarca sem conferir se poderia usá-la nas redes sociais, a começar pela própria.
Foi o que Musk fez, e teve que se apropriar do perfil de um usuário que desde 2016 detinha a conta X. Já começaram a aparecer processos arguindo o direito de uso do X pela empresa.
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A batalha do Twitter / X com o jornalismo
Elon Musk é aclamado como empreendedor intuitivo e arrojado. Mas adota um estilo temerário, esmerando-se em queimar pontes. No caso do Twitter, fez isso com um setor poderoso: a imprensa, cada vez mais implacável ao reportar os tropeços da plataforma.
Impaciente com perguntas incômodas e depois de demitir boa parte da força de trabalho da empresa, ele adotou uma forma insólita de responder a consultas da imprensa: pedidos passaram a ser respondidos com um emoji de cocô.
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Ele chegou a expulsar alguns jornalistas, mas acabou voltando atrás. Mais do que falar mal do jornalismo e colaborar para a falta de confiança de uma parcela do público, Musk aparenta ser vingativo.
Insatisfeito com uma reportagem do New York Times sobre o apartheid na África do Sul, seu país natal, postou o link de um site pelo qual se pode quebrar paywall, recomendando o cancelamento de assinaturas.
Em agosto, sites de tecnologia relataram um delay nos links para conteúdos de grandes empresas jornalísticas. Em outubro, Musk foi além e removeu as manchetes, uma forma de dificultar a saída da plataforma ou simplesmente de provocar.
O relatório da Similarweb destacou a “rivalidade contínua de Musk com a mídia”, capaz de causar “uma deterioração ainda maior no uso do X como fonte de notícias” e reduzir a importância da rede social como geradora de tráfego para os veículos.
Segundo a empresa, há três anos o New York Times obtinha de 3% a 4% ou mais de seu tráfego total de referência no Twitter.com, mas agora a taxa não passa de 1%.
A promessa de tornar o X um super-app inspirado no WeChat não aconteceu. Tentativas de aumentar receita com taxas e selo de verificação pago não prosperaram. É difícil prever o que será da rede social daqui a um ano.
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