Londres – O Centro de Proteção a Jornalistas, organização não-governamental de defesa da liberdade de imprensa sediada nos EUA, anunciou os nomes dos jornalistas que receberão o prêmio International Press Freedom Awards em 2022.
Os escolhidos são Niyaz Abdullah, do Curdistão iraquiano; Abraham Jiménez Enoa, de Cuba; Sevgil Musaieva, da Ucrânia, e Pham Doan Trang, do Vietnã. Além deles, a russa Galina Timchenko, editora do site independente Meduza, será homenageada com um prêmio especial.
Segundo a organização, todos foram submetidos a imensos desafios, incluindo repressão de governos, agressões e prisão, para trazer ao público reportagens independentes em meio à desinformação desenfreada e à guerra.
Prêmio para os que desafiam ameaças
Dos cinco premiados, uma se encontra presa (Trang) e três tiveram que deixar seus países devido a perseguições (Timchenko, Jimenéz Enoa e Abdullah).
E dois dos escolhidos são jornalistas que desafiaram ameaças e a censura imposta pelo governo de Vladmir Putin sobre a imprensa.
Galina Timchenko é editora do site independente Meduza. E Sevgil Musaieva dirige o jornal ucraniano Ukrainska Pravda.
“Os vencedores exemplificam o melhor do jornalismo, com trabalhso que revelam os impactos da guerra, da corrupção e do abuso de poder na vida cotidiana”, disse a presidente do CPJ, Jodie Ginsberg.
Conheça os vencedores do prêmio de liberdade de imprensa do CPJ
Abraham Jiménez Enoa, Cuba
Jiménez Enoa é jornalista freelancer e cofundador da revista de jornalismo narrativo online El Estornudo, lançada em 2016. Também é colunista do The Washington Post e da revista Gatopardo.
Ele se tornou uma voz relevante na comunidade de mídia de Cuba, fornecendo novas perspectivas sobre os desafios para jornalistas independentes e fazendo reportagens sobre questões raramente cobertas pela mídia estatal, incluindo o racismo.
Em 2020, oficiais de segurança do estado revistaram e algemaram Jiménez, interrogaram-no por cinco horas e ameaçaram sua família por causa de artigos sobre a vida em Cuba em sua coluna mensal do Washington Post .
Apesar das ameaças das autoridades de repercussões legais se ele continuasse a publicar no The Washington Post, na mesma semana, Jiménez Enoa publicou outra coluna, afirmando que poderia ser sua última, devido à ameaça de prisão.
O assédio e a censura persistentes forçaram Jiménez a fugir para a Espanha em 2021, onde atualmente vive exilado.
Niyaz Abdullah, Curdistão iraquiano
Jornalista freelance, Abdullah contribui regularmente para meios de comunicação na região curda do norte do Iraque, incluindo a Radio Nawa, a emissora NRT e os sites de notícias Westga , Zhyan News Network , Hawlati e Skurd.
Ela já cobriu política, protestos civil, corrupção governamental, direitos humanos e minorias étnicas e religiosas no Curdistão iraquiano. A jornalista enfrentou assédio legal por parte das forças de segurança e autoridades locais, chegando a ser detida e ameaçada de violência por causa de seu trabalho.
Em 2021, fugiu para a França para escapar de ameaças.
Sevgil Musaieva, Ucrânia
Musaieva é editora-chefe do Ukrainska Pravda , o principal jornal online independente da Ucrânia, que cobre política, economia e cultura e a invasão do país pela Rússia.
Segundo o CPJ, a jornalista trabalhou incansavelmente desde a invasão para garantir a segurança de sua equipe e informar o público.
Em junho de 2022, ela e um colega de redação foram submetidos a ameaças de morte após a publicação de uma reportagem investigativa.
“Sob a liderança de Musaieva, os jornalistas do Ukrainska Pravda estão fornecendo uma cobertura crítica e confiável, apesar dos perigos da guerra e da proibição declarada da Rússia à publicação”, diz o CPJ.
Pham Doan Trang, Vietnã
Presa desde 2020 e condenada em dezembro do ano passado, Trang é uma repórter especializada em direitos humanos e fundadora da revista jurídica independente Luat Khoa.
Ela também editava e escrevia para o The Vietnamese, um site independente em inglês, e já fez reportagens para o blog Danlambao, dirigido por exilados.
Em 6 de outubro de 2020, foi presa sob o artigo 117 do Código Penal, um dispositivo que proíbe produzir ou divulgar notícias contra o Estado.
Foi mantida incomunicável por mais de um ano antes de sua condenação em dezembro de 2021, em um julgamento que durou apenas um dia.
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Trang está atualmente cumprindo uma sentença de nove anos como resultado dessa condenação e estava entre os pelo menos 23 jornalistas presos por suas reportagens no Vietnã na época do censo prisional do CPJ em 2021, que colocou o país entre os cinco piores carcereiros do mundo para a imprensa.
Galina Timchenko, Rússia
Timchenko é a editora do Meduza , um site de notícias russo independente com sede em Riga, Letônia. Ela foi escolhida pelo CPJ para receber o Prêmio Gwen Ifill de Liberdade de Imprensa, que homenageia a veterana jornalista de mesmo nome que era conselheira da ONG e morreu em 2016.
Durante a primeira invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2014, a jornalista russa foi demitida do cargo de editora-chefe do principal site de notícias do país, o Lenta.ru, e substituída por um sucessor pró-Kremlin
Quase metade dos funcionários do Lenta.ru se demitiu em protesto.
Timchenko e muitos de seus colegas fugiram para a Letônia e fundaram o Meduza para atender ao público de língua russa, livre de censura. O site foi bloqueado na Rússia e rotulado como “agente estrangeiro”.
A entrega dos prêmios acontecerá em novembro, durante um jantar em Nova York.